O candidato de esquerda às eleições presidenciais do Peru, Pedro Castillo (partido Peru Livre), foi o vencedor do primeiro debate televisivo prévio ao segundo turno do pleito, previsto para 6 de junho, segundo pesquisas de opinião. O confronto contra Keiko Fujimori (Força Popular) aconteceu no último sábado, (1), na praça de Chota, na cidade de origem de Castillo, Cajamarca, interior do país.
Cerca de mil pessoas acompanharam o debate presencialmente, e 52% do público afirma que o candidato do Peru Livre foi o vencedor, enquanto Fujimori obteve 47,9% da preferência, de acordo com pesquisa de opinião do portal La República.
Já na apresentação, os dois postulantes soltaram faíscas. "No Peru acontecem coisas insólitas. Para estar aqui, eu pedi licença do meu trabalho. Outras pessoas tiveram que pedir permissão ao Poder Judicial", comentou Castillo, atacando sua oponente, que está sendo processada por crimes de corrupção.
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Keiko rebateu dizendo que apresentou uma equipe técnica para que o povo conheça como será seu governo, enquanto Castillo não divulga quem o acompanhará numa possível gestão. "Diferente de você, eu não corro. Vim até aqui apesar das suas desculpas e mentiras. Castillo se esconde, esconde sua equipe", declarou Fujimori.
Os temas debatidos foram saúde, educação, economia, segurança e luta contra a corrupção.
O Peru atravessa um dos momentos mais críticos da pandemia, com a maior taxa de letalidade por covid-19 da região, 1.884 mortos a cada 1 milhão de habitantes, segundo levantamento do site Nosso Mundo em Dados.
O postulante da esquerda afirmou que já dialogou com a embaixada da Rússia em Lima para adquirir 20 milhões de doses da vacina Sputnik V até outubro. Até agora, o país vacinou 1,6 milhão de pessoas e possui 1,81 milhão de casos e 62.126 mortos por covid-19.
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A filha do ex-ditador Alberto Fujimori (1990-2000) revidou criticando as gestões de governadores do partido Peru Livre e afirmando que "está cansada de governantes que só prometem". Sua proposta é realizar 70 mil testes PCR, abrir bases industriais de produção de oxigênio hospitalar, aumentar o número de leitos e ainda assegurou que também havia se reunido com o embaixador russo.
Crise generalizada
A crise sanitária aprofundou a crise econômica. O país iniciou o ano com uma retração de 15% do PIB. Apesar da recuperação de 7% no primeiro trimestre de 2021, cerca de 70% da população economicamente ativa está no setor informal, o que gera volatilidade dos índices que apontam uma reativação real da economia, segundo especialistas.
Sobre a economia, Pedro Castillo prometeu revisar os contratos do Estado com empresas transnacionais para que 70% dos lucros sejam reinvestidos no país. Além disso, assegurou ampliar o pagamento de pensões a idosos para peruanos com mais de 60 anos ou em situação de extrema pobreza.
Mas o carro chefe da campanha continua sendo uma reforma constitucional para mudar a Carta Magna promulgada em 1993, durante o regime fujimorista.
A candidata do partido Força Popular garantiu que 40% dos impostos sobre a mineração seriam "repartidos à população". Também prometeu a criação de 2 milhões de postos de trabalho, para combater um índice de 13% de desemprego no país, e que duplicaria o valor das pensões.
Os dois candidatos têm um mês de campanha até as eleições marcadas para o dia 6 de junho. Castillo realizará comícios na região amazônica peruana, nas regiões de Amazonas, San Martín e Loreto. Enquanto Keiko retorna para a capital, Lima, onde se concentra sua principal base eleitoral.
Edição: Vinícius Segalla
