Organizações da sociedade civil, movimentos populares, artistas, representantes de órgãos públicos e trabalhadores sem-terra se reuniram, na última sexta (30), em plenária virtual para debater o Plano Popular de Recuperação da Bacia do Paraopeba. A atividade, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), apresentou propostas para a região atingida pelo rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho (MG).
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Silvio Neto, do MST, conta que o plano popular é uma proposta construída coletivamente, com protagonismo das populações atingidas, para a reconstrução dos territórios afetados pela lama. A atividade também, denunciou a impunidade dos crimes da Samarco (Vale/BHP), na Bacia do Rio Doce, e da Vale, no Córrego do Feijão.
“Ainda não alçamos justiça e seja qual for o volume de recursos, é impagável os crimes cometidos. Seguimos na luta exigindo justiça, que é a condição para que a gente possa implementar um modelo antagônico a esse da mineração, que, para nós, é a reforma agrária popular”, aponta Neto.
Comunidades sem-terra atingidas
Mais de dez áreas do MST foram impactadas pelos dois rompimentos, sendo que na região do Paraopeba são cerca de mil famílias atingidas. O plano apresentado pelo movimento prevê três eixos de ações: produção agroecológica, direitos humanos, acesso à terra e à educação, com destaque para a construção da Escola Popular de Agroecologia Ana Primavesi.
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Um dos objetivos do plano, segundo Bruno Diogo, é promover a produção de alimentos saudáveis, a agroindustrialização, a comercialização e a geração de renda, que devem acompanhar processos de recuperação ambiental. “No entanto, a nossa meta zero é resolver o problema da água, não só para produzir, já que muitas famílias usavam o Rio Paraopeba para produção, mas a água para beber. Muitas famílias não têm água para beber”, afirma.
Em relação à educação, Michelle Capuchinho, também do MST, explica que Escola Popular de Agroecologia Ana Primavesi já está sendo construída no município São Joaquim de Bicas (MG). A proposta do espaço é oferecer cursos de formação, programas de alfabetização, graduação em educação do campo, entre outros. “A escola se propõe a ser uma grande universidade popular. Esse espaço já carrega, desde sua semente, um projeto de sociedade que respeita a natureza. A nossa escola também vem na perspectiva de avançar em uma educação feminista, antirracista e popular”, aponta Capuchinho.
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Artistas, lideranças e juristas marcaram presença
A atividade contou com a presença dos artistas Samuel Rosa, Fernanda Takai, Titane e Pereira da Viola; do deputado estadual Agostinho Patrus (PV), presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais; da Carolina Morishita, que é defensora pública de Minas Gerais; Jarbas Júnior, procurador geral da Justiça; André Sperling, da promotoria de Justiça de Minas Gerais; João Pedro Stedile, da coordenação nacional do MST; Dom Vicente, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte; pai Ricardo de Moura, zelador da Casa de Caridade Pai Jacob do Oriente; o deputado federal Rogério Correia (PT), entre outros.
Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Elis Almeida