O Brasil voltou a registrar, nesta terça-feira (27), mais de 3 mil mortos por covid-19 em 24 horas, após ficar ficar seis dias abaixo dessa cifra. Nas últimas 24 horas, foram 3.086 de acordo com o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).
O país chega, assim, a 395.022 mortos desde que a pandemia teve início, em março de 2020, desconsiderando a ampla subnotificação de casos e mortes denunciada por cientistas e reconhecida por autoridades. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito foi instalada nesta terça no Senado para apurar responsabilidades diante da tragédia.
Apenas os Estados Unidos somam mais mortos do que o Brasil pela covid-19. Entretanto, os norte-americanos estão avançados na vacinação, e os índices da doença estão despencando no país. Nesta terça, o governo do país suspendeu a obrigatoriedade do uso de máscaras para aqueles que estão vacinados com as duas doses necessárias dos imunizantes. Enquanto isso, o Brasil segue com um cronograma lento e cheio de incertezas sobre recebimento dos fármacos.
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O Brasil ocupou o posto de epicentro da covid-19 no mundo entre o início de março e meados de abril. Atualmente, o posto é ocupado pela Índia, que vive o colapso dos sistemas de saúde e funerário, com números elevados da doença.
Tendências
Pela primeira vez desde novembro, a taxa de contaminação no Brasil está sob relativo controle. O indicador calculado pela Imperial College de Londres aponta que o índice chamado RT está em 0,96 no país. Isso significa, na prática, que 100 pessoas contaminadas passam a doença para 96. Um surto é considerado em expansão nos momentos em que esta taxa está acima de 1.
Embora o indicador aponte para uma melhora no cenário, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vê uma tendência de estabilidade do surto. Estabilizar a covid-19 nos patamares atuais, com picos de mortes diárias acima de 3.000, pode significar que o Brasil vá superar as 600 mil mortes até o meio do ano. Então, a entidade mantém o posicionamento por medidas de isolamento social e prevenção, que são os únicos métodos comprovados cientificamente para frear o vírus.
Outro fator de cuidado é o número diário de casos registrados, que antecipa em ao menos dez dias a tendência de mortes. Nas últimas 24 horas, foram 72.140 novos casos confirmados. O valor é superior à média móvel atual, calculada em sete dias, que está em 56.927 infectados por dia. Já a média de mortes está em 2.431.