REAÇÃO

Discurso de Bolsonaro tem "muita hipocrisia e falsidade", diz ex-ministro Carlos Minc

Presidente discursou na Cúpula do Clima e afirmou que o país está na vanguarda do combate ao aquecimento global

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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"O que mais chama atenção no discurso de Bolsonaro é a total contradição entre palavras e os fatos", diz Minc, atual deputado estadual pelo PSD-RJ - Divulgação

Carlos Minc, ex-ministro do Meio Ambiente, criticou o discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Cúpula do Clima, na manhã desta quinta-feira (22).

“É muita hipocrisia. Muita falsidade. Há um abismo entre a intenção e a prática devastadora e o discurso adocicado para o mundo achar que ele mudou.”

“O que mais chama atenção no discurso de Bolsonaro é a total contradição entre palavras e os fatos. Parece que é um outro Bolsonaro. Faz tudo ao contrário do que está dizendo. Ele desmontou os órgãos ambientais todos, o Ibama, o ICMBio e até tirou o chefe da Polícia Federal do Amazonas, Alexandre Saraiva, que fez a maior operação de desmatamento, e agora está dizendo que quer fortalecer”, afirmou Minc.

A Cúpula do Clima, que foi convocada por Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, foi usada por Bolsonaro para tentar afastar do país o título de “pária ambiental”. Para Minc, o mandatário brasileiro não conseguirá evitar a alcunha.

“Ele dizia que essa história de clima e redução de emissões era marxismo cultural. E agora, ele jura que adora o clima desde a mais terna idade. Há uma grande distância entre a intenção e o gesto. A intenção era dizer o que os outros queriam ouvir. O gesto, até agora, tem sido exatamente o contrário. Por isso o desmatamento aumenta.”

Assista: Sob a marca de desmatamento recorde, Bolsonaro se apresenta à Cúpula do Clima

Durante o discurso, Bolsonaro elogiou a agenda ambiental do Brasil e falou sobre a “revolução verde”, que teria tornado nossa agricultura sustentável. O presidente afirmou, ainda, que tem implementado renovados investimentos em energias sustentáveis e duplicado os recursos destinados às ações de fiscalizações.

Minc lembrou que, ao contrário do que pregou na Cúpula do Clima, Bolsonaro “incentiva os grileiros e garimpeiros ilegais a entrarem em áreas indígenas e reservas extrativistas” e que isso é o “contrário” de promover ações de fiscalizações.

“Se ele quer fortalecer os órgãos ambientais, a melhor coisa a ser feita é trazer de volta os dirigentes do ICMBio, os diretores que eram biólogos, engenheiros florestais, que foram exonerados. Ele colocou cinco oficiais da PM de SP. Ele demitiu todos os chefes regionais do Ibama que combatiam a poluição. Vai trazer de volta?”, encerrou o ex-ministro.

Edição: Leandro Melito