Os metroviários de São Paulo decidiram suspender a greve que estava programada para esta terça-feira (20). Foram 1.337 votos a favor da proposta de suspensão (81,67%) e 247 contra (16,0%), com 53 abstenções. No fim de semana, o governo estadual, por meio da Secretaria dos Transportes Metropolitanos, informou que vai iniciar vacinação para trabalhadores no transporte coletivo (metrô e trem) a partir de 11 de maio.
Já no caso dos motoristas e cobradores de ônibus, representantes dos sindicatos da categoria na capital (Sindmotoristas) e outras cidades fecharam acordo com o governo estadual, em reunião no Palácio dos Bandeirantes. Com isso, também não vão parar.
Com mais de três horas de duração, a reunião terminou por volta de 23h. Um documento com um resumo das decisões prevê a formação de um grupo de trabalho para definir e monitorar a vacinação dos trabalhadores. Os detalhes deverão ser anunciados na próxima quinta-feira (22). Para os sindicalistas, o governo reconheceu a importância da categoria e a urgência da vacinação.
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Até 24 de março, um balanço parcial da entidade – que usa o termo lockdown para o movimento de greve – aponta 844 infectados e 113 mortos entre motoristas e cobradores da capital. Já os metroviários de São Paulo falam em quase 600 casos confirmados e 14 mortes.
A paralisação sanitária exigia a vacinação para todos os trabalhadores do transporte coletivo. “É uma luta em defesa da vida de toda a população”, afirmou Wagner Fajardo, um dos coordenadores do Sindicato dos Metroviários, durante live que antecedeu a assembleia virtual, encerrada às 21h.
Vacina para todos
Assim, a direção da entidade avalia que a reivindicação foi atendida apenas parcialmente. “Entendemos que todos estão expostos e têm que ter essa vacina”, disse Fajardo. O sindicato também vai iniciar a organização da campanha salarial – a categoria tem data-base em 1º de maio.
O presidente da Federação Nacional dos Metroviários (Fenametro), Celso Borba, informou que a categoria parou hoje no Distrito Federal, devido à campanha salarial. Para esta terça, estão previstos atos nas principais estações de Belo Horizonte, Recife e Rio de Janeiro. Em Porto Alegre, o início das operações deverá ser atrasado em duas horas.
Trabalhadores e usuários em risco
Na tarde da última segunda (19), encontro realizado no Sindmotoristas debateu os rumos da greve que pretendia durar pelo menos 24 horas em todo o sistema de transporte rodoviário paulista. Para os trabalhadores, a vacinação é urgente, uma vez que eles estão expostos à doença, já que o transporte público não parou desde o início da pandemia.
“Os governantes têm agido como verdadeiros genocidas, colocando motoristas, cobradores e toda a sociedade em risco. Não há nenhuma fiscalização sobre as condições dos veículos que trafegam superlotados diariamente”, afirmou o presidente do Sindmotoristas, deputado Valdevan Noventa (PSC-SE). Segundo ele afirmou durante a tarde, se não houvesse “sinalização” do governo sobre a vacinação, a greve seria mantida. Para a manhã desta terça, está prevista concentração diante do Masp, na Avenida Paulista, seguida de carreta até a prefeitura, na região central da cidade.
Segundo a Secretaria dos Transportes Metropolitanos, a vacinação entre os metroviários de São Paulo, a partir de 11 de maio, atingirá quase 9.500 trabalhadores “que estão em contato direto com mais de 4 milhões de usuários diariamente”. Isso inclui operadores de trens, trabalhadores na manutenção, segurança, limpeza e bilheteria, a partir dos 47 anos.
Trens
No caso dos trens, o sindicato dos funcionários da Central do Brasil informou que, dos 7.520 trabalhadores na base, 10% têm mais de 60 anos e já estão incluídos no plano nacional de imunização. Os operadores, que serão vacinados, representam 23% da categoria. Já o sindicato que representa os empregados da CPTM marcou greve a partir do próximo dia 27. A paralisação é também em protesto, segundo a entidade, por descumprimento do acordo de participação nos resultados.
Com informações de André Rossi e Vitor Nuzzi