MUDANÇAS

Em sessão no 8º Congresso, Raúl Castro deixa comando do Partido Comunista de Cuba

"Continuarei a servir como mais um combatente revolucionário", disse o irmão de Fidel Castro em discurso de despedida

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Em uma década de gestão, de 2008 a 2018, Raúl Castro foi responsável por diversas mudanças no país
Em uma década de gestão, de 2008 a 2018, Raúl Castro foi responsável por diversas mudanças no país - Marcelino Vázquez / ACN

O presidente do Partido Comunista de Cuba, Raúl Castro, confirmou, durante uma sessão do 8º Congresso da sigla, que deixará o comando da legenda. 

O movimento finaliza um período de seis décadas na ilha em que o partido foi comandado por um integrante da família Castro. Espera-se que Raúl entregue a liderança da sigla ao presidente cubano Miguel Díaz-Canel.

"Quanto a mim, minha tarefa como primeiro secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba termina com a satisfação do dever cumprido e a confiança no futuro da Pátria, com a profunda convicção de não aceitar propostas para me manter nos órgãos superiores da organização partidária, em cujas fileiras continuarei a servir como mais um combatente revolucionário, pronto a dar a minha modesta contribuição até o fim da minha vida", disse Raúl ao discursar no 8º Congresso do partido. 

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Segundo o irmão do ex-presidente Fidel Castro, a sua saída também é uma forma de "atualização" do socialismo para torná-lo "mais eficiente e sustentável e não para liquidá-lo".

"Estou satisfeito em entregar a direção do país para um grupo de pessoas preparadas e comprometidas com a ética, os valores da cultura e da nação", afirmou o cubano declarando que "ninguém deve duvidar" de que, enquanto ele viver, estará "pronto para defender a Pátria, a revolução e o socialismo com mais força do que nunca".

Em uma década de gestão, de 2008 a 2018, Raúl Castro promoveu mudanças importantes no país, como reconhecimento do trabalho privado; autorização de compra e venda de carros e casas; reestruturação de Ministérios e agências para buscar dar mais vitalidade à economia nacional; e relaxamento das restrições migratórias.

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Em 2018, Raúl entregou a liderança de Cuba ao atual presidente, Díaz-Canel, cumprindo o que havia dito, que deixaria o poder depois do segundo mandato. 

8º Congresso

Sob o título de "O Congresso da continuidade histórica da Revolução Cubana", cerca de mil delegados se reúnem desde sexta-feira (16/04) até 19 de abril no Centro de Convenções de Havana, capital do país, para debater alguns temas centrais da vida política, econômica e social. 

O encontro também marca a comemoração dos 60 anos da proclamação feita por Fidel Castro sobre o caráter socialista da Revolução, além de celebrar também a vitória das forças revolucionárias sobre a invasão de mercenários patrocinados pelos Estados Unidos em Playa Girón, no ano de 1961.

“Aqui as ideias se fortalecem, a história é reconhecida e o futuro é discutido”, escreveu em sua conta no Twitter Díaz-Canel.

Desde 1975 o partido se reúne regularmente a cada cinco anos e dá forma definitiva aos documentos que estabelecem as diretrizes políticas e econômicas previamente debatidas pelos delegados de cada província.

Segundo dia

Cerca de 300 delegados de todo o território cubano discutiram neste sábado (17/04), no segundo dia do 8º Congresso do Partido Comunista de Cuba, questões centrais do país, como o aprofundamento de reformas econômico-sociais e o acesso à internet. 

Segundo o jornal Granma, o debate, a portas fechadas, foi realizado em três comissões distintas dedicadas à economia, à formação de novos quadros e lideranças políticas do partido.

Presidida pelo premiê, Manuel Marrero, a primeira comissão analisou as críticas levantadas nesta sexta-feira (16/04) por Raúl Castro no seu discurso de abertura do congresso, refletidas em dois documentos com as orientações da política econômico-social e a proposta de reformas ao modelo econômico para os próximos cinco anos.

Em seu relatório central, o dirigente de 89 anos pediu para "aumentar a produtividade e a eficiência no desempenho do setor estatal", que representa 85% da economia do país. 

Raúl, que comunicou sua saída do comando da legenda, declarou ainda que será necessário "dar maior dinamismo ao processo de atualização do modelo econômico e social", que ele próprio iniciou em 2008 com uma abertura cautelosa ao trabalho privado e ao investimento estrangeiro.

O dirigente também se referiu às "mentiras, manipulações e divulgações de notícias falsas" nas redes sociais que buscam dar a imagem de uma Cuba "sem futuro", tema debatido neste sábado no segundo comitê junto com outras questões.

*Com informações dos portais Ansa e Sputnik.