Neste domingo (11), três países andinos realizam eleições: Equador, Bolívia e Peru devem renovar o Poder Executivo nacional, regional ou o Legislativo. O resultado das eleições ajudará a definir o mapa político da região, podendo terminar com um novo quadro de predominância de governos progressistas.
Confira os principais acontecimentos da jornada eleitoral:
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Equador
Cerca de 13 milhões de equatorianos deverão escolher quem será seu próximo presidente num segundo turno disputado pelo economista Andrés Arauz, da União pela Esperança (Unes), e pelo banqueiro Guillermo Lasso, Criando Oportunidades (Creo).
Arauz, apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa, é o favorito, obtendo 31,5% da votação no primeiro turno e com cerca de sete pontos porcentuais à frente de Lasso, nas últimas pesquisas de opinião.
Uma denúncia de um esquema de fraude dentro do Conselho Nacional Eleitoral gerou polêmica nos últimos dias. Segundo um funcionário do CNE, o banqueiro Lasso e o líder do Partido Social Cristão, que compõe a chapa do movimento Creo, teriam comprado dois diretores do poder eleitoral, incluindo a presidenta, Diana Ataimaint.
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O plano incluía modificar atas de votação para anular votos de Arauz e aumentar a votação de Lasso, o que seria possível, porque o CNE conta com 6 mil papeletas extras em branco.
Os dois postulantes não se pronunciaram sobre o caso, mas anunciaram o resgistro de mais de 30 mil fiscais para cobrir todos os colégios eleitorais.
Por conta da segunda onda da covid-19, oito das 24 províncias equatorianas estão em estado de exceção desde o último 2 de abril. A medida inclui restrições de mobilidade nas duas maiores regiões do país: Pichincha, onde está a capital Quito; e Guayas, onde está Guayaquil, cidade mais populosa do Equador. De acordo com a presidenta do poder eleitoral, a situação não afetará as eleições.
As urnas estarão abertas durante 12 horas e os resultados preliminares devem ser divulgados às 23h (horário de Brasília).
Peru
Os peruanos deverão renovar o Congresso, elegendo 130 deputados, presidente, dois vices e cinco representantes para o parlamento andino (instância regional composta por 25 legisladores do Peru, Bolívia, Equador, Colômbia e Chile). As últimas pesquisas de opinião apontavam empate técnico entre cinco, do total de 18 candidatos à presidência.
Além disso, 28% do eleitorado não sabia em quem votar, segundo as últimas pesquisas, o que indica que o próximo Congresso será dividido em várias bancadas e que um segundo turno, no dia 6 de junho, para definir a presidência é bastante provável.
O processo coloca fim a uma crise política, que levou à derrubada de dois presidentes no final de 2020.
O advogado e ex-deputado, Yohnny Lescano, do partido de centro-direita Ação Popular é o favorito com 14,7% das intenções de voto. Apoia a reforma constitucional e promete que, se eleito, irá diminuir as tarifas de serviços básicos e aumentar o investimento em saúde e educação.
Hernando Soto, do partido Avança País, vem crescendo nas últimas semanas, possui 13,9% da preferência, e seria a nova aposta da direita tradicional para chegar ao segundo turno, segundo analistas.
Ainda pela direita estariam tecnicamente empatados: Keiko Fujimori, líder do partido Força Popular e filha do ex-ditador Alberto Fujimori; e George Forsyth (Vitória Nacional), ex-goleiro do Alianza Lima Club, quem contraiu coronavírus no domingo (4) e esteve afastado da campanha na última semana.
Já pela esquerda, a psicóloga Verónika Mendoza, da aliança Juntos pelo Peru, é a melhor posicionada com 12,4%. Sua promessa é representar o "desejo de mudança dos peruanos", que se expressou nos protestos de novembro de 2020.
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No Peru, o voto é obrigatório, por isso a expectativa é que a maioria dos 25 milhões de eleitores compareça às urnas neste domingo. Os primeiros resultados deverão ser divulgados às 23h (horário de Brasília).
Bolívia
Também haverá segundo turno na Bolívia, mas para definir os governadores das províncias de Tarija, Pando, La Paz e Chuquisaca. O Movimento Ao Socialismo (MAS-IPSP), partido do presidente Luis Arce e de Evo Morales, é o favorito nas três primeiras regiões, ficando atrás somente em Chuquisaca.
Esta será a primeira vez que a província de La Paz terá segundo turno, disputado pelo masista Franklin Flores e Santos Quispe, pela agrupação Jallala Bolivia, partido de esquerda que se originou em 2021 depois de cisões dentro do MAS-IPSP.
No dia 7 de março, quando foi realizado o primeiro turno, o Movimento Ao Socialismo já havia vencido o governo de três estados e assumiu a prefeitura de cidadades importantes, como Sucre, capital constitucional da Bolívia e Oruro, capital do estado homônimo.
Se o MAS sair vitorioso neste domingo, será considerado a maior força política da Bolívia, pouco mais de um ano depois do golpe de Estado, que destituiu o ex-presidente Morales do poder.
A primeira prévia do resultado deve ser divulgada às 20h (horário de Brasília) pelo poder eleitoral.
Edição: Vivian Fernandes