Desigualdade

Quem são os bilionários brasileiros que seguem na lista da Forbes apesar da pandemia

Enquanto 19 milhões passam fome, número de bilionários saltou de 45 para 65, com aumento de 71% na soma das riquezas

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Carlos Alberto Sicupira e família (fortuna de US$ 8,7 bilhões), Jorge Paulo Lemann e família (US$ 16,9 bilhões) e Marcel Herrmann Telles (US$ 11,5 bilhões) - Divulgação

pandemia de covid-19, que significou perda de renda para bilhões de trabalhadores no mundo, fez disparar o número de super ricos, segundo a revista Forbes. No último ano, o Brasil saltou de 45 para 65 bilionários.

nos primeiros cinco meses da pandemia, eles lucraram mais que todo custo do auxílio emergencial, segundo a Oxfam.

Juntos, os 65 bilionários brasileiros detêm aproximadamente R$ 1,2 trilhão. A riqueza somada desses super ricos cresceu 71% no período pandêmico, enquanto 19 milhões de pessoas passam fome no país.

Conheça os perfis das pessoas com as maiores fortunas do Brasil. Dois dos 10 mais ricos atuam na saúde privada. Empresários dos setores de alimentos, bebidas, tecnologia, fertilizantes agrícolas e bancos completam a lista.

Lemann, Telles e Sicupira

Três das cinco maiores fortunas estão ligadas à Anheuser-Busch InBev (AB Inbev), multinacional de bebidas formada em 2004 pela fusão da empresa belga Interbrew com a brasileira Ambev.

São eles Jorge Paulo Lemann e família (fortuna de US$ 16,9 bilhões), Marcel Herrmann Telles (US$ 11,5 bilhões) e Carlos Alberto Sicupira e família (US$ 8,7 bilhões).

A AB Inbev registrou, em 2020, metade do faturamento de 2019, em decorrência do fechamento de bares na pandemia. Por isso, Lemann caiu 11 posições no ranking da Forbes em um ano.

Descendente de suíços, ele é carioca, nasceu em 1939 e é filho do fundador da empresa de laticínios Leco.

Ex-jogador de tênis profissional, Lemann criou o banco de investimentos Garantia, na década de 1970, e investiu em empresas como Lojas Americanas, Telemar, Gafisa, e nas cervejarias Brahma e a Antarctica, ao lado de Telles e Sicupira.

Com a fundação do fundo 3G Capital, eles compraram as redes alimentícias Burger King e Heinz, também afetadas diretamente pela pandemia. Ao todo, Lemann perdeu cerca de R$ 42 bilhões no ano passado, Telles ganhou R$ 9 bilhões e Sicupira perdeu R$ 1,1 bilhão.

Todas as empresas citadas já apresentam sinais de recuperação no primeiro trimestre de 2021.

Aos 71 anos, Telles tem hoje investimentos nas áreas de bebidas, alimentos, lojas de departamento, ferrovias, comércio eletrônico, construção civil. Sicupira também é nascido no Rio de Janeiro, tem 72 anos e figura na lista da revista Forbes desde 2013.

Eduardo Saverin

Um dos fundadores do Facebook, o paulista Saverin tem 39 anos e caiu 29 posições no raking da Forbes entre 2020 e 2021. Sua fortuna foi estimada pela revista em US$ 14,6 bilhões. 

Assim como Lemann, ele estudou na Universidade de Harvard, nos EUA, onde conheceu Mark Zuckeberg – parceiro na criação da rede social.

Baseado no sucesso do Facebook, Saverin criou a empresa B Capital, que investe em startups com alto potencial de lucro a médio prazo pelo mundo.

Em agosto de 2020, a B Capital fez seu primeiro investimento em uma empresa da América Latina, liderando um aporte de US$ 15 milhões na mexicana Yalochat, que desenvolve sistemas para atendimento online a clientes via WhatsApp, Facebook Messenger e WeChat.

Jorge Moll Filho

A fortuna da família de Jorge Moll Filho foi uma das que mais cresceu na pandemia, chegando a US$ 11,3 bilhões.

Moll Filho tem 76 anos, é cardiologista e fundador da rede de hospitais privados D'Or São Luiz. A riqueza dele cresceu 500% entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2021, devido à valorização e venda das ações do grupo na bolsa de valores. 

Fundada em 1977, a rede D'Or tem mais de 30 unidades de saúde espalhadas pelo Brasil.

A saúde privada foi um dos setores que mais cresceu com o avanço da pandemia. Quarenta novos bilionários do ranking da Forbes, de todas as nacionalidades, atuam nesse ramo.

Segundo a Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS), as operadoras do segmento médico-hospitalar no Brasil tiveram um lucro líquido acumulado de R$ 15 bilhões nos três primeiros trimestres de 2020, 66% a mais que no mesmo período de 2019.

Família Safra

Completa o "top 6" de bilionários brasileiros Vicky Safra, viúva do fundador do Banco Safra, com US$ 7,4 bilhões, seguida por sua família, com fortuna estimada em US$ 7,1 bilhões.

O patrimônio foi construído, principalmente, pelas mãos do libanês Joseph Safra, banqueiro que morreu em dezembro de 2020, aos 82 anos. Ele deixou a gestão do Banco Safra em 2012 e passou a se dedicar ao recém adquirido banco suíço Sarasin, por meio da holding suíça Bank J. Safra Sarasin Ltd.

A riqueza da família vem de um conjunto de ativos formado pelos dois bancos citados e pelo Safra National Bank de Nova York. Somadas, as empresas acumulam cerca de US$ 85 bilhões em ativos bancários.

A família possui ainda um portfólio de imóveis estimado em US$ 2,3 bilhões.

Fundado em 1955, o Safra é o 4º maior banco privado do país e está presente em 24 países.

O top 10

Jorge Paulo Lemann e família
Fortuna: US$ 16,9 bilhões - posição na lista global 114º

Eduardo Saverin
Fortuna: US$ 14,6 bilhões - 140º na lista global

Marcel Herrmann Telles
Fortuna: US$ 11,5 bilhões - 191º na lista global

Jorge Moll Filho e família
Fortuna: US$ 11,3 bilhões - 194º na lista global

Carlos Alberto Sicupira e família
Fortuna: US$ 8,7 bilhões - 274º na lista global

Vicky Safra
Fortuna: US$ 7,4 bilhões - 339º na lista global

Jacob, David, Alberto e Esther Safra
Fortuna: US$ 7,1 bilhões - 358º na lista global

Alexandre Behring (3G Capital)
Fortuna: US$ 7 bilhões - 369º na lista global

Dulce Pugliese de Godoy Bueno (Amil)
Fortuna: US$ 6 bilhões - 451º na lista global

Alceu Elias Feldmann (Fertipar)
Fortuna: US$ 5,4 bilhões - 520º na lista global
 

Edição: Poliana Dallabrida