O Brasil perdeu, na manhã desta quarta-feira (7), o professor, escritor, historiador e crítico literário Alfredo Bosi, aos 84 anos, em São Paulo. A causa da morte não foi confirmada até o momento. Segundo informações divulgadas à imprensa, ele teria contraído covid-19 no final de março, e já vinha com a saúde debilitada desde a morte da esposa, Ecléa Bosi, há quatro anos.
Ocupante da cadeira 12 da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 2003 e professor emérito da Universidade de São Paulo (USP), Bosi nasceu em 26 de agosto de 1936 e contribuiu para a interpretação da obra de célebres autores brasileiros, como Machado de Assis, Guimarães Rosa e Cecília Meireles.
Entre suas obras mais conhecidas, estão História concisa da literatura brasileira e Dialética da colonização.
Em 1993 e 2000, Alfredo Bosi recebeu o Prêmio Jabuti, o mais tradicional da literatura brasileira.
Militância
Além da trajetória acadêmica, orientada em grande medida pelas teorias do italiano Antonio Gramsci, Bosi militou junto a organizações da classe trabalhadora, presidiu o Centro de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns nos anos 1980, no final da ditadura militar, e integrava a Comissão de Justiça e Paz desde 1987.
Crítico do capitalismo e do imperialismo, o intelectual gravou um vídeo em 2012 em apoio à luta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
"Como leitor de Celso Furtado e conhecedor dos problemas fundamentais do povo brasileiro, aprendi que não há outra solução para a questão agrária e para o drama da concentração de renda no Brasil, senão favorecer o acesso à terra pelo lavrador. Essa é a finalidade máxima do MST, que ele vem cumprindo de forma corajosa, não só com as ocupações de latifúndios improdutivos, mas também preparando os militantes de maneira sistemática para entenderem o Brasil e terem consciência de suas necessidades", disse à época.
Edição: Leandro Melito