O presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE), Jaime Vargas, manifestou na tarde de sábado (03) apoio à candidatura de Andrés Arauz, da coalizão de esquerda União pela Esperança, no segundo turno das eleições presidenciais equatorianas que ocorrem no próximo domingo (11).
"Suas propostas têm nosso apoio absoluto no movimento indígena do Equador. Quando falamos de Estado Plurinacional, falamos de reconhecimento a nossos povos e nacionalidades que existimos aqui no Equador", disse o dirigente indígena.
Arauz e Vargas discursaram juntos em um comício na comunidade Cofán Milenio-Dureno, na província de Sucumbíos.
Pelo Twitter, o presidenciável, que é apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa, agradeceu e disse estar comprometido na construção "de um Equador plurinacional e intercultural".
"Estamos juntos pela defesa da vida, do trabalho digno, do respeito dos direitos de todos e todas e do desenvolvimento sustentável de nosso país", disse Arauz.
O candidato da União pela Esperança ainda afirmou que a próxima votação vai definir "o destino de um povo que foi abandonado e que busca recuperar seu direitos ao trabalho, à saúde e à educação".
O apoio ainda não foi anunciado pelos meios oficiais da CONAIE. Em março, a organização havia manifestado adesão à campanha pelo voto nulo, impulsionada pelo ex-candidato à Presidência Yaku Pérez, líder indígena e membro do partido Pachakutik.
O primeiro turno das eleições no Equador foi marcado por dias de indefinição sobre quem enfrentaria Andrés Arauz no segundo turno. O lugar foi disputado voto a voto pelo direitista Guillermo Lasso e pelo indígena Yaku Pérez.
Após a conclusão da apuração e diversas recontagens parciais de votos, Lasso foi definido para o segundo turno, enquanto Pérez passou a alimentar a narrativa de fraude eleitoral e a impulsionar uma campanha pelo voto nulo em 11 de abril.
Quem é Andrés Arauz
Apesar de muito jovem, Andrés Arauz tem uma vasta formação acadêmica e já ocupou diversos cargos no governo do ex-presidente Rafael Correa. Formado em economia pela Universidade de Michigan, tem mestrado em economia do desenvolvimento pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO-Equador), e também é PhD em Economia Financeira pela Universidade Nacional Autônoma do México (Unam).
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Arauz foi diretor do Banco Central do Equador em 2009, quando tinha 26 anos de idade. Também serviu como ministro do Conhecimento e Talento Humano e ministro da Cultura durante o governo de Correa.
Durante a campanha, o candidato da Unes prometeu reverter as políticas neoliberais do atual presidente Lenín Moreno, criar auxílios para trabalhadores afetados durante a pandemia, apostar na industrialização e, no âmbito internacional, resgatar organismos como a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), progressivamente abandonadas pelos governos de direita da região.
O principal rival de Arauz nessas eleições é Guillermo Lasso, um empresário de 65 anos que é acionista do Banco Guayaquil e concorre à Presidência pela coalizão de direita chamada Movimiento Creando Oportunidades, ou Movimento CREO.
Disputando pela terceira vez a Presidência do país, Lasso foi derrotado pelo atual presidente Lenín Moreno no pleito de 2017, mas se aproximou do governo após a guinada neoliberal do mandatário.
Lasso chegou a ser ministro da Economia do país em 1999, quando ocupou o cargo por um mês durante o episódio conhecido como Feriado Bancário, que congelou as contas de milhões de equatorianos, desvalorizou a então moeda nacional e provocou a dolarização da economia. O período foi reconhecido como uma das piores crises financeiras do país.
O candidato da direita é acusado de ter aumentado seu patrimônio em milhões de dólares por especulações financeiras durante o período. Além disso, Lasso aparece no vazamento dos Panama Papers como dono de 49 empresas offshores.