O papa Francisco voltou a cobrar neste domingo (04) que a comunidade internacional se empenhe para superar os atrasos na distribuição de vacinas contra a covid-19 e para compartilhá-las com os países mais pobres.
Durante a celebração religiosa "Urbi et Orbi" ("À cidade e ao mundo"), realizada nos dias de Páscoa e Natal, o líder da Igreja Católica disse que todos, "sobretudo as pessoas mais frágeis", têm direito aos tratamentos contra o novo coronavírus e que as vacinas "constituem um instrumento essencial" na luta contra a pandemia.
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"No espírito de um 'internacionalismo das vacinas', exorto toda a comunidade internacional a um empenho compartilhado para superar os atrasos em sua distribuição e favorecer seu compartilhamento, especialmente com os países mais pobres", disse.
Segundo o portal Our World in Data, já foram aplicadas cerca de 650 milhões de doses de vacinas anti-Covid no mundo, mas quase 70% estão concentradas na Europa, na América do Norte e na China. A África, que tem 15% da população do planeta, responde por menos de 2% das doses administradas até o momento.
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Francisco também disse que a pandemia, ainda em "pleno curso", provocou uma crise econômica e social "muito pesada" e "aumentou dramaticamente o número de pobres e o desespero de milhares de pessoas".
"Apesar disso – e é escandaloso – não param os conflitos armados e se reforçam os arsenais militares", acrescentou.
Papa fala sobre Haiti, Mianmar e Síria
O pontífice também falou sobre algumas das principais crises em curso no planeta, do Haiti a Mianmar, passando por países como Síria, Iraque, Iêmen e Ucrânia.
"Meu pensamento e encorajamento vão ao caro povo haitiano, para que ele não se sinta sobrecarregado com as dificuldades, mas sim olhe ao futuro com confiança e esperança", declarou Francisco, acrescentando que deseja que os problemas do país se resolvam "definitivamente".
O Haiti, um dos países mais pobres do mundo, vive mais uma crise política e registra protestos recorrentes contra o presidente Jovenel Moïse.
Francisco também citou os "jovens de Mianmar que se empenham pela democracia, fazendo ouvir pacificamente a própria voz, cientes de que o ódio pode ser dissipado apenas pelo amor". O país asiático foi chacoalhado por um golpe de Estado no início de fevereiro e já tem mais de 550 mortos em protestos contra o regime instaurado pelos militares.
O papa ainda aproveitou a ocasião para pedir paz na "amada e martirizada Síria", cujo conflito é "circundado por um silêncio ensurdecedor e escandaloso", e na Líbia, onde, com o novo governo de união nacional, "finalmente se vê uma via de saída para uma década de combates sangrentos".
"Que todas as partes envolvidas se empenhem efetivamente para interromper os conflitos e permitir aos povos exaustos pela guerra que vivam em paz e iniciem a reconstrução de seus respectivos países", declarou.
Além disso, o pontífice voltou a defender a solução dos dois Estados para o conflito entre Israel e Palestina e desejou que o Iraque, país que o recebeu no início de março para uma visita inédita, "possa continuar no caminho de pacificação para que se realize o sonho de Deus de uma família humana hospitaleira e acolhedora com todos os seus filhos".
Francisco ainda falou sobre apoio às "populações africanas que veem o próprio futuro comprometido por violências internas e pelo terrorismo internacional, especialmente no Sahel e na Nigéria, bem como nas regiões de Tigré [na Etiópia] e Cabo Delgado [em Moçambique]".
Já no fim da cerimônia, o papa pediu que os prisioneiros dos conflitos, especialmente na Ucrânia oriental, que vive uma escalada de tensão nas últimas semanas, e em Nagorno-Karabakh, território disputado por Armênia e Azerbaijão, "possam retornar sãos e salvos às próprias famílias".
Francisco ainda lembrou dos refugiados e agradeceu aos países que os "acolhem com generosidade, especialmente o Líbano e a Jordânia, que hospedam muitíssimos deslocados que fugiram do conflito sírio".
O pontífice também desejou "consolação" ao povo libanês, que "atravessa um período de dificuldade e incertezas", e cobrou ajuda da comunidade internacional para apoiar a vocação do país de ser uma "terra de encontro, convivência e pluralismo".
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Em sua viagem de retorno do Iraque, em 8 de março, o papa havia afirmado que o Líbano seria um de seus próximos destinos internacionais, porém ainda não há data para a visita.