O Brasil ultrapassou, nesta segunda-feira (22), as marcas de 12 milhões de infectados e de 295 mil mortos por covid-19. Isso, de acordo com os números oficiais fornecidos pelos estados ao Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Cientistas apontam que a realidade é seguramente mais trágica, já que a subnotificação, provocada pela baixa quantidade de testes realizados no país, é admitida até mesmo pelo governo Jair Bolsonaro.
Em um período de 24 horas, foram registradas as mortes de mais 1.383 brasileiros, totalizando 295.425 óbitos por covid desde o início do surto, em março de 2020. Os números às segundas-feiras ainda são defasados, já um menor número de profissionais de Saúde trabalha aos domingos, especialmente os de análise clínica e diagnóstica. Os dados tendem a ser corrigidos nos dias seguintes. Também não foram computados os dados do Ceará no boletim desta segunda, por problemas técnicos no processamento.
Contudo, o valor já é o maior para uma segunda-feira desde o início da pandemia. Em relação ao número de novos casos, foram registrados 49.293 nas últimas 24 horas, totalizando 12.047.526 desde o início da pandemia. O coronavírus está fora de controle no Brasil desde o fim do ano passado, e a pandemia mostra clara tendência de agravamento. Hoje, o país vive o pior momento do surto e também é o epicentro da pandemia no mundo. Há cerca de uma semana, mais de 20% das mortes diárias no planeta por causa doença ocorrem no Brasil.
Com a covid fora de controle no Brasil, cresce a pressão sobre Bolsonaro. O presidente, desde o início da pandemia, nega a gravidade da doença – chegou a dizer que não morreriam mais de 800 pessoas, como se fosse pouco – , desdenha das vítimas, ridiculariza o uso de máscaras protetivas, divulga mentiras para atacar vacinas, provoca e estimula aglomerações. Para completar, adota uma defesa “messiânica” de medicamentos comprovadamente ineficazes contra a covid-19 como se fossem “milagrosos” – como a hidroxicloroquina e a ivermectina.
Sem comando
A condução da pandemia por Bolsonaro foi e segue de forma errática. Três ministros da Saúde já foram demitidos durante a pandemia, dois deles – Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich – por se negarem a seguir Bolsonaro no desrespeito à ciência. Já o general Eduardo Pazuello é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e mantém postura de total subserviência ao presidente. Ao assumir interinamente, em maio de 2020, eram pouco mais de 15 mil mortos no Brasil. Nas mãos de Pazuello e Bolsonaro, estão ao menos 280 mil mortes.
Mesmo com Pazuello já descartado, ele segue no cargo. Bolsonaro estaria tentando arrumar alguma forma de preservar seu foro privilegiado, temendo as consequências de sua atuação desastrosa diante do ministério.
Abandonados
O epidemiologista da Universidade Johns Hopkins Eric Feigl-Ding, um dos responsáveis pelo monitoramento da covid-19 no mundo, divulgou uma série de opiniões duras contra Bolsonaro. “Quero oferecer uma mensagem de esperança ao povo do Brasil. O mundo vê as dificuldades que vocês passam. Conversei com colegas da OMS e também no governo norte-americano. O mundo não esqueceu de vocês, mesmo que seu líder as vezes o faça (…) Bolsonaro é a pessoa que líderes de todo o mundo precisam chamar e pressionar. Ele está literalmente impedindo esforços para melhorar a situação. Se a crise continuar no Brasil, temo pela estabilidade do país.”