Pandemia

Após 854 surtos de covid-19 nas escolas, Covas determina suspensão das aulas

Suspensão das aulas nas redes pública e privada pode ajudar a conter a covid-19, que causa ocupação de 83% dos leitos

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Ofício alertou a prefeitura de que a escassez desses trabalhadores concursados “tem promovido a morosidade na análise e conclusão dos procedimentos administrativos de competência destas unidades” - Rovena Rosa / Abr

O prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), determinou a suspensão das aulas nas redes pública e privada da capital paulista, após o município registrar 854 surtos de covid-19 nas escolas.

São considerados surtos os registros de dois ou mais casos de covid-19 simultâneos nas escolas. A medida vale a partir de 17 de março, mas o prefeito pediu, às famílias que puderem, que não levem os filhos já a partir de segunda-feira (15).

O período será considerado como recesso escolar e a previsão é que as aulas comecem a ser retomadas em 5 de abril. No entanto, o setor administrativo das escolas municipais vai funcionar, entregando cartões de merenda e materiais didáticos às famílias que não os receberam em casa.

“Essa medida se faz necessária para que a gente possa conter o avanço do coronavírus na cidade. A suspensão de aulas presenciais vale para a rede privada, para a rede pública estadual e para a rede pública municipal aqui na cidade de São Paulo”, disse Covas, em coletiva realizada nesta sexta-feira (12).

As aulas voltaram no dia 15 de fevereiro, sob paralisação de professores, que consideravam a medida um risco à saúde da população.

Segundo o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, foram registrados 173 surtos de covid-19 apenas na primeira semana de aula.

Na segunda semana, foram 181 surtos. E na terceira semana, última com boletim, foram registrados 500 surtos de covid-19 nas escolas. Esses casos ocorreram dentro do limite de 35% dos alunos por escola. E corroboram os apontamentos dos professores, de que não havia segurança para a volta às aulas.

Suspensão emergencial das aulas

No entanto, Aparecido não detalhou os dados, não sendo possível saber quantas pessoas foram efetivamente contaminadas. Também não foi informado quantos casos foram de professores, quantos casos de trabalhadores de gestão e quantos casos entre estudantes. Também não foi informado se houve registro de mortes.

A medida também responde à decretação de fase emergencial da quarentena – antes chamada de fase roxa – no estado de São Paulo, pelo governador João Doria (PSDB).

Será estabelecido toque de recolher a partir das 20h até as 5h do dia seguinte, proibido o acesso a praias e parques e qualquer tipo de aglomeração.

Todas as atividades administrativas das empresas e órgãos públicos deverão ser realizadas em teletrabalho. Atividades esportivas, incluindo campeonatos profissionais, e atividades religiosas coletivas serão proibidas.

As escolas terão o recesso antecipado. A medida vai valer até 30 de março, devido ao colapso no sistema de saúde de São Paulo.

São Paulo: fase roxa da quarentena começa com toque de recolher segunda-feira (15)

Na capital paulista, a taxa de ocupação de unidades de terapia intensiva (UTI) chegou a 83% ontem. Nas enfermarias, a ocupação é de 76%.

Os dados da prefeitura mostram que as internações por covid-19 têm sido mais longas que na primeira onda, no ano passado. A fase 4 do inquérito sorológico, divulgada hoje, mostra que 25% da população do município já foi contaminada pela covid-19, sendo que as maiores prevalências estão nas regiões sul, leste e norte da cidade.

O governo Covas anunciou a abertura de 555 leitos para atendimento de pacientes com covid-19, sendo 130 leitos de UTI, a serem abertos na próxima semana, 185 leitos de enfermaria, que serão abertos na semana seguinte, e 240 leitos nos hospitais-dia. Todas as cirurgias eletivas serão suspensas.