Em fevereiro, no pior momento da pandemia na cidade de Curitiba, capital do Paraná, trabalhadores da educação da rede municipal de ensino foram convocados para reuniões presenciais com equipe pedagógica e pais, além de uma primeira semana de aula presencial.
Tanto o Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal (Sismmac) como a categoria de professores e funcionários chegaram a pedir à Secretaria Municipal de Saúde que essas atividades fossem realizadas de forma remota, mas a solicitação não foi atendida.
Quinze dias após as reuniões, comunicados informando casos de contaminação entre professores e alunos começaram a ser divulgados. Em uma semana, três professoras morreram devido ao coronavírus. Todas estiveram nas atividades presenciais de fevereiro.
A professora Noêmia Martins Coimbra, de 41 anos, morreu na segunda-feira (01/03), a professora Maria Aparecida das Graças Mega, 52 anos, faleceu no sábado (6) e a professora Francelize Ramalho de Oliveira, de 36 anos, morreu na terça-feira (2).
Em nota, o Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba (Sismuc) lamentou as mortes e cobrou medidas. “Enquanto não houver medidas efetivas por parte dos governos para restringir a circulação de pessoas e garantir condições de subsistência às famílias, esses números vão seguir crescendo mais e mais a cada dia”, afirma.
Escolas sem proteção
A professora da rede municipal e Doutora em Educação, Diana Abreu, relata que a Prefeitura de Curitiba vendeu uma imagem de segurança nas escolas que não condiz com a realidade. Ela conta que, neste início de ano, participaram de cinco reuniões presenciais e duas semanas de aula em formato híbrido.
“Assim que as aulas retomaram, começaram os relatos de professores com inúmeras situações como impossibilidade de fazer distanciamento entre as crianças, máscaras distribuídas de baixa qualidade, EPIs [Equipamentos Individuais de Segurança] insuficientes para professores,” relata.
O Brasil de Fato Paraná entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação. Até o fechamento da edição, não houve resposta.
Prefeitura prorroga suspensão de aulas
Após a pressão dos trabalhadores da educação e o avanço da pandemia em Curitiba, a Prefeitura de Curitiba suspendeu as aulas presenciais até 6 de abril.
A categoria vem reivindicando desde o início de fevereiro que o ensino permaneça no formato remoto até que os trabalhadores da educação sejam vacinados e que as unidades sejam adaptadas para receber os alunos. Entretanto, a gestão do prefeito Rafael Greca (DEM) insistiu no retorno presencial, mesmo com um protocolo insuficiente.
A capital do Paraná registra mais de 3 mil mortes em decorrência do novo coronavírus e voltou a apresentar crescimento acelerado de contaminados.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Poliana Dallabrida, Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini