O coro popular pela volta do auxílio emergencial no país se amplificou nesta terça-feira (2), com o lançamento de uma campanha que pede o retorno do benefício de R$ 600.
A mobilização nasce no seio de uma outra campanha, a “Renda Básica que Queremos”, que reúne mais de 100 entidades com atuação em diversas áreas sociais. As organizações pedem que o auxílio seja garantido enquanto durar a pandemia, que já provocou mais de 255 mil mortes no país e infectou cerca de 10,5 milhões de brasileiros.
Com a criação do site Auxílio Emergencial Até o Fim da Pandemia, as organizações buscam incentivar os cidadãos a pressionarem os parlamentares das suas regiões para pedir a aprovação imediata do benefício nessas condições.
Como pano de fundo do pedido, o cenário político criado pela gestão Bolsonaro tenta dificuldar a liberação da verba. Após idas e vindas, o governo enfrenta duras críticas porque tem afirmado que pretende garantir um benefício de quatro parcelas no valor de R$ 250, valor considerado insuficiente por atores políticos e sociais.
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A campanha das organizações é lançada na mesma data em que deve ser apresentado um novo relatório da Proposta de Emenda Constitucional 186/2019, conhecida como “PEC Emergencial”, pauta que o governo tem utilizado como ponto de barganha com a oposição e outros grupos legislativos para tentar avançar nas medidas de enxugamento da máquina estatal.
A ideia é encaixar o tema do auxílio em um dos dispositivos da PEC. A proposta ainda enfrenta muitas resistências no Congresso Nacional porque deve afetar as verbas para as áreas de saúde e educação. Diferentes bancadas partidárias pedem que essa condicionante seja retirada do novo parecer.
A política
O auxílio emergencial atendeu mais de 60 milhões de trabalhadores em situação de vulnerabilidade em 2020. Logo após o início do alastramento da covid-19 pelo país, a demanda partiu de legendas de esquerda e entidades civis, mas, diante do aprofundamento da crise socioeconômica, acabou atraindo também parlamentares e outros atores de tendência neoliberal.
O grupo responsável pela campanha lançada nesta terça (2) aponta que a verba do auxílio foi fundamental para atender necessidades básicas dos trabalhadores que receberam o benefício.
Dados do Datafolha colhidos em agosto de 2020 mostram que, entre aqueles que haviam recebido ao menos uma parcela, 53% dos recursos foram canalizados para a compra de alimentos. O restante foi destinado principalmente para pagamento de contas (25%), despesas domésticas (16%) e remédios (1%), entre outros.
Edição: Poliana Dallabrida