O número de comunidades tradicionais identificadas pelo governo no Brasil está longe de refletir a realidade e a falta de dados pode prejudicar a abrangência da vacinação contra o coronavírus.
Levantamento inédito revelou que existem, pelo menos, 3,5 vezes mais povos do que o oficializado pelo poder público, somente na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Em mapeamento de campo, os pesquisadores computaram mais 2,3 mil grupos na região.
STF julga nesta sexta (12) ajuda negada por Bolsonaro aos quilombolas na pandemia
Nessa mesma região, a base oficial de dados contabiliza apenas 667 comunidades. Os estudiosos alertam que o cenário se repete em outras partes do país.
O estudo foi feito pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia e pelo Instituto Sociedade, População e Natureza, em parceria com a Rede Cerrado e financiamento do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF), ligado ao Fundo Global para o Meio Ambiente e ao Banco Mundial.
Segundo as organizações, a própria lei que estabelece ações de proteção aos povos tradicionais contra a covid-19 é excludente. A norma determina que indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais ribeirinhas estão entre os públicos prioritários de vacinação
Com isso, a lei deixa de fora outras 25 comunidades que, inclusive, estão representadas no Conselho Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais. Há algumas semanas, o Ministério Público Federal enviou questionamentos ao governo sobre critérios de escolha dos grupos.
Clique aqui e saiba mais sobre o projeto de mapeamento das comunidades e povos tradicionais.
Edição: Mauro Ramos