O ex-presidente do Peru Alberto Fujimori, que governou o país de 1990 a 2000 em regime ditatorial, será julgado pela Justiça peruana pelo plano de esterilização forçada de 350 mil mulheres e 25 mil homens camponeses e indígenas, prática prevista pelo Programa Nacional de Planejamento Familiar.
O julgamento irá ocorrer em 1º de março. Além do ex-presidente, também serão julgados três ex-ministros da Saúde: Eduardo Yong Motta, Marino Costa Bauer e Alejandro Aguinaga.
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Relato histórico
Um dos casos conhecidos de esterilização foi de Josefina Quispe, de 33 anos. Em entrevista à BBC News, ela afirmou que foi submetida sem consentimento ao programa de planejamento familiar. "Eu estava grávida de 32 semanas e não me sentia muito bem, então fui consultar meu médico. Eles me avaliaram e decidiram realizar uma cesariana de emergência". O bebê nasceu com dificuldades respiratórias e morreu pouco depois.
"Havia um médico tentando me consolar, dizendo: 'Não se preocupe, você ainda é jovem, você pode ter outro bebê'. Mas outro médico respondeu: ‘Ela não pode ter mais filhos. Nós a esterilizamos’”, relatou.
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Pena atual de Fujimori
Durante as audiências da investigação, Fujimori não compareceu, alegando problemas de saúde. Atualmente, ele cumpre uma pena de prisão de 25 anos por corrupção e pelos massacres de Barrios Altos (1991) e La Cantuta (1992), nos quais os militares mataram cerca de 20 pessoas.
Edição: Camila Maciel