O número de brasileiros desempregados chegou a 14 milhões em novembro, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a Pnad Covid, divulgada nesta quarta-feira (23) pelo IBGE. Isso quer dizer que, desde que Jair Bolsonaro (sem partido) assumiu a presidência, o Brasil ganhou quase 2 milhões de desempregados.
Na comparação com outubro, a alta de 2% elevou para 14,2% a taxa de desocupação, batendo também a alta anterior. A variação, contudo, não é “estatisticamente significativa” frente ao mês anterior, segundo o IBGE, quando o nível de desemprego fechou em 14,1%. E indica estabilidade, apesar do patamar mais alto. A pesquisa também evidencia a desigualdade de gênero e raça no mercado de trabalho.
Desemprego tem cor, gênero e idade
Entre as mulheres, a taxa de desocupação foi de 17,2%, maior que a dos homens, que fechou em 11,9%. Pretos e pardos também representaram 16,5% do desemprego, um aumento de 0,3 pontos percentuais, frente aos brancos, com 11,5%, que manteve uma taxa inalterada pelo quarto mês consecutivo.
Na avaliação por idade, o IBGE também identificou entre os jovens, de 14 a 29 anos, os maiores índices de desemprego, com 24,2%. Os dados confirmam que o desemprego no Brasil tem gênero, raça e idade, como apontou boletim mensal do Grupo de Estudos e Acompanhamento da Conjuntura Econômica (Geace), divulgado pela RBA.
E a tendência é de resultados ainda piores para o início de 2021. De acordo com os pesquisadores, o fim do auxílio emergencial deverá levar mais pessoas a procurar trabalho. As duas regiões com os maiores percentuais de domicílios recebendo o auxílio emergencial, Norte (57%) e Nordeste (55,3%), já concentram as maiores taxas de desocupação do país. A região Norte manteve 15,4% dos desempregados, enquanto que o Nordeste passou de 17,3%, em outubro, para 17,8% em novembro. O nível de desocupação nas demais regiões chega a 14,3% no Sudeste, 12,2% no Centro-Oeste e 9,3% no Sul.
Queda no isolamento
O IBGE também indica que a proporção de pessoas que ficaram rigorosamente isoladas em casa caiu para 11,1%, um total de 23,5 milhões de pessoas. Em outubro, a pesquisa mostrou que essa parcela da população era de 26,3 milhões (12,4%). Por outro lado, houve um aumento entre o total de 221,7 milhões de brasileiros que declararam não adotar restrições para evitar o avanço da covid-19.
Ao todo, 10,2 milhões (4,8%) não fizeram nenhuma medida de restrição em novembro, na comparação com 9,7 milhões (4,6%) registrados no mês anterior. Com a flexibilização do isolamento, a população ocupada passou para 84,7 milhões, um crescimento de 0,6%. A maior alta, de 0,3%, desde o início da pesquisa, quando 84,4 milhões de pessoas tinham empregos.
Do total da população ocupada, no entanto, 34,5% são trabalhadores informais, segundo a pesquisa. A informalidade vem aumentando no país e, até novembro, 29,2 milhões dos trabalhadores não tinham carteira assinada, um acréscimo de 0,6% em relação a outubro.
Mais renda, mais teste
Destaque na Pnad Covid do mês anterior, o número de testes para detectar a infecção pelo coronavírus passou de 25,7 milhões, 12,1% da população, para 28,6 milhões (13,5%). Desse total, 22,7%, ou 6,5 milhões testaram positivo para a doença, ante 22,4%, (5,7 milhões), em outubro. O padrão desigual de acesso aos testes se manteve igual. Quanto maior a escolaridade e a renda, maior o percentual de pessoas que fizeram algum teste.