Crise

Desemprego bate recorde histórico e atinge principalmente pretos, pardos e mulheres

Pesquisa aponta que mais de 14 milhões de pessoas estão desocupadas e quase 9 milhões são pretas e pardas

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Fila, desemprego
Crise econômica se aprofunda no país e atinge os mais vulneráveis - Rovena Rosa/Agência Brasil

A crise econômica e social no Brasil continua se aprofundando. O número de desocupados, pessoas fora da força de trabalho e desalentadas bate recordes históricos. A população de cor preta é a mais afetada, com 1 a cada 5 pessoas sem emprego no trimestre encerrado em setembro, uma alta de 41,4% na comparação com dezembro. Mulheres e pardos, que são a maioria na sociedade, também perderam participação no mercado de trabalho.

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta sexta-feira (27), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e referem-se ao trimestre de julho a setembro de 2020. 

Os números mostram que mais 1,3 milhão de desempregados entraram na fila em busca de um trabalho no país. A taxa de desocupação chegou a 14,6%, o que representa uma alta de 1,3% na comparação com o trimestre anterior (13,3%). Essa é a maior cifra registrada na série histórica do IBGE, iniciada em 2012, e corresponde a 14,1 milhões de pessoas. Desses, 5,1 milhões são brancos, 1,7 milhões são pretos e 7,1 milhões são pardos.

O número de desocupados subiu em dez estados e ficou estável nos demais. As maiores taxas foram na Bahia (20,7%), em Sergipe (20,3%) e em Alagoas (20,0%). Já a menor foi registrada em Santa Catarina (6,6%). Os maiores crescimentos na desocupação foram registrados na Paraíba (4%), no Amapá (3,8%) e em Pernambuco (3,8%). 

Desocupação é maior entre mulheres, pretos e pardos

A pesquisa evidencia que pretos, pardos e mulheres sofrem mais com a falta de trabalho. A taxa de desocupação de homens é de 12,8% e a das mulheres é de 16,8%. Já entre as pessoas pretas, a cifra é de 19,1%, enquanto a dos pardos é de 16,5%, ambos acima da média nacional. A menor taxa foi a dos brancos: 11,8%.

Os jovens também tiveram a maior taxa de desocupação entre os grupos etários no terceiro trimestre. Os grupos de pessoas de 14 a 17 anos de idade (44,2%) e de 18 a 24 (31,4%), ficaram muito acima da média nacional (14,6%).

Número de ocupados é o mais baixo já registrado

A população ocupada (82,5 milhões) chegou ao patamar mais baixo da série histórica. Caiu 1,1% (menos 880 mil) frente ao trimestre anterior e 12,1% (menos 11,3 milhões) frente ao mesmo trimestre de 2019. O nível de ocupação (47,1%) também foi o mais baixo da série, caindo 0,8 p.p. frente ao trimestre anterior e 7,7 p.p. em comparação o mesmo trimestre de 2019.

População fora da força de trabalho e desalentados aumentam

A população fora da força de trabalho (78,6 milhões) atingiu o maior nível da série histórica, com altas de 1,0% (mais 785 mil pessoas) ante o trimestre anterior, e de 21,2% (mais 13,7 milhões de pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2019.

A quantidade de desalentados (5,9 milhões) também bateu o recorde da série, com alta de 3,2% (mais 183 mil pessoas) frente ao trimestre anterior, e de 24,7% (mais 1,2 milhão de pessoas) comparado ao mesmo trimestre de 2019.

Cai o número de pessoas com carteira assinada e cresce a informalidade

O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (inclusive trabalhadores domésticos), estimado em 29,4 milhões, caiu 2,6% (menos 788 mil pessoas) frente ao trimestre anterior, e 11,2% (menos 3,7 milhões de pessoas) ante o mesmo trimestre de 2019.

A quantidade de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado (9 milhões) aumentou 4,3% (mais 374 mil pessoas) frente ao 2º trimestre, e 23,9% (menos 2,8 milhões) ante o mesmo trimestre de 2019. A taxa de informalidade chegou a 38,4% da população ocupada (ou 31,6 milhões de trabalhadores informais). No trimestre anterior, a taxa foi 36,9% e, no mesmo trimestre de 2019, 41,4%.

Edição: Mauro Ramos