O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) divulgou nesta madrugada o primeiro boletim com resultados parciais das eleições legislativas, que ocorreram nesse domingo (6). Com 82,35% da votação apurada e um total de 5,2 milhões de votos, cerca de 31% do eleitorado compareceu às urnas. O Grande Polo Patríotico, chapa governista, obteve 3,5 milhões de votos, o que representa 67,6% do total até o momento. Já a Aliança Democrática ficou em segundo lugar com 944 mil votos, equivalente a 17,95%.
As chapas minoritárias Venezuela Unida, pelo lado opostior de direita, recebeu 4,19% da preferência com 220 mil votos; enquanto a Aliança Popular Revolucionária (APR), promovida pelo Partido Comunista da Venezuela (PCV), obteve 143 mil votos, representando 2,73% do total da apuração.
O resultado prévio supera a tendência apontada pelas pesquisas de boca de urna, que indicavam uma participação de 23% do eleitorado, sendo que cerca de 70% já declaravam que haviam escolhido o Grande Polo Patriótico, segundo o estudo de opinião da empresa Consultores 2020, que entrevistou 12,7 mil cidadãos em 22 colégios eleitorais de todo o país.
A presidenta do CNE, Indira Alfonzo declarou que "venceu a paz" e felicitou todos os partidos pela jornada eleitoral. Enquanto o presidente Nicolás Maduro também celebrou a vitória da sua chapa: "O povo venezuelano pode dormir tranquilo, temos uma nova Assembleia Nacional". Dias antes da eleição, o chefe de Estado venezuelano havia declarado que se a oposição ganhasse novamente a maioria do parlamento, ele deixaria o cargo de maneira voluntária.
No entanto, o resultado apontou justamente para uma vitória contundente do partido governante. Até o momento, o PSUV tem 148 deputados de um total de 277 cadeiras do Legislativo. Entre os nomes que já estão eleitos se destacam Diosdado Cabello, atual presidente da Assembleia Nacional Constituinte (ANC); a primeira-dama, Cília Flores; além das ex-ministras da Mulher, Ásia Villegas; e de sistema penitenciário, Iris Varela.
Jornada de votação
Durante todo o dia de votação, a afluência nos centros eleitorais foi constante e em alguns lugares se formaram pequenas filas.
Para disputar esse processo, foram conformadas quatro grandes chapas, duas pelo lado chavista e duas pelo lado opositor. No entanto, entre os 14,4 mil candidatos inscritos, 90% se declararam de oposição.
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O partido do deputado Juan Guaidó se dividiu entre aqueles que seguiram o autoproclamado presidente no chamado pela abstenção e outra que decidiu participar. Luis Ybarra foi um dos candidatos do partido Voluntad Popular, como parte da Aliança Venezuela Unida, e assegura que as disputas políticas devem ser feitas através do voto.
"Estamos derrotando a abstenção. A única ferramenta de mudança para derrotar o regime é o voto. Com isso faremos a renovação política do nosso país", afirmou.
Flor Mujica, dona de casa, uma das 7,2 mil eleitoras do colégio Andrés Bello, na zona leste da Grande Caracas, região tradicionalmente opositora, afirmou que votou para mudar tudo.
"É a única forma de acabar com tudo isso. Quero melhorar a situação da nossa economia, já não aguentamos mais", disse.
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Já os eleitores que se identificam com o chavismo destacam a tradição eleitoral dos venezuelanos.
"A participação nos dá o direito a opinar. Esse é um direito dos venezuelanos. E que, no dia de amanhã, a nossa voz seja escutada e representada. Que esse resultado seja bem-vindo", comentou Maria Canelas, representante do conselho comunal Calero Desamparado, no bairro La Calendaria, centro da capital.
Maria Canelas votou no colégio Andrés Bello, uma das maiores zonas eleitorais do país, concentrando cerca de 12 mil eleitores. Ali estiveram representantes de todos os partidos votando, fiscalizando e verificando a votação.
Enquanto para os opositores o foco desta eleição é atacar a situação de crise econômica, para os governistas, a questão central desse processo é retomar a hegemonia do parlamento.
Na última legislatura (2015-2020), a oposição de direita unificada na Mesa de Unidade Democrática (MUD) ganhou a ampla maioria, assumindo a presidência do Legislativo.
Depois de empossar deputados que tiveram suas candidaturas impugnadas pelo Poder eleitoral, a Assembleia atuou os últimos cinco anos em desacato com a justiça.
"Nos últimos cinco anos participamos de um conflito absurdo da institucionalidade. A importância de votar é apostar na democracia, pelas saídas constitucionais, por retomar o diálogo, o exercício da política e deixar para trás esse período obscuro que representou a agressão e o constante conflito", afirmou Silvester Montillo, membro do Grande Polo Patriótico.
Edição: Luiza Mançano e Vivian Fernandes