Cerca de 45% dos eleitores venezuelanos definitivamente irão votar, enquanto outros 22% afirmam que provavelmente o farão, segundo pesquisa realizada pela empresa venezuelana Hinterlaces entre os dias 21 e 30 de novembro.
O número era superior em um levantamento semelhante realizado em setembro, antes de iniciar a campanha eleitoral, com 48% que definitivamente participariam, contra 55% que responderam de maneira positiva em julho.
Ao todo, cerca 20,7 milhões de venezuelanos estão aptos a votar neste domingo (6) nas eleições legislativas.
São cerca de 14 mil candidatos que estão inscritos no pleito eleitoral para disputar 277 cadeiras na Assembleia Nacional, sendo que 52% dos representantes serão escolhidos por listas enviadas pelos partidos e 48% pelo voto nominal.
Ainda de acordo com a pesquisa da Hinterlaces, 61% acreditam que é seguro votar, apesar da pandemia da covid-19. A Venezuela possui 104.177 casos registrados, sendo 90% recuperados e 916 falecidos.
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Devido aos resultados positivos na contenção da contaminação pelo novo coronavírus, o presidente Nicolás Maduro decretou a suspensão da quarentena durante o mês de dezembro.
Foram entrevistados 1200 venezuelanos, 85% de classes D e E e os outros 15% e classe A e B. Entre aqueles que estão dispostos a comparecer às urnas, 64% se identificam como chavistas, 29% como imparciais e 7% opositores. Entre os chavistas, 91% afirmam que votariam pelo Grande Polo Patriótico, chapa liderada pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).
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Os dados comprovam que a recuperação econômica é a principal preocupação dos venezuelanos para este processo eleitoral, o 25º desde que foram empossados governos chavistas. 55% dos entrevistados acreditam que essa é a principal tarefa do próximo parlamento, enquanto 24% sustentam que seja a conformação de um governo de unidade.
Nas eleições legislativas de 2015, houve uma participação histórica de 73% do eleitorado, enquanto em 2010 foram 65%. Para esse processo a Hinterlaces aponta uma abstenção de cerca de 55%, similar ao resultado das eleições presidenciais de 2018, que garantiram a reeleição de Maduro.
Durante metade da jornada, a afluência nos colégios eleitorais é constante. Em alguns lugares desde a abertura das mesas se formaram filas para entrar no recinto.
Por conta da pandemia, são liberados grupos de dez em dez pessoas, que devem passar por duas etapas de desinfecção até o momento do voto.
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Tanto nas filas, como dentro do recinto eleitoral, foram demarcadas distâncias de 1,5 m no chão para que se respeite o distanciamento social.
Na hora de votar, o eleitor deve primeiro se apresentar ao mesário com sua identidade e liberar a urna com sistema biométrico. Depois se dirige à urna eletrônica e, em seguida, deve depositar o comprovante emitido pela urna eletrônica em outra urna, o que garante a dupla checagem do voto.
Por fim, o eleitor registra na ata de votação que participou. Em nenhum momento o eleitor toca nos funcionários eleitorais, assim como os mesários também não tocam na documentação. Esta é uma das medidas de biossegurança determinadas pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
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A presidenta do Poder Eleitoral da Venezuela, Indira Alfonzo assegurou que todas as urnas foram abertas às 6h e permanecerão até às 17h, em todos os 87 circuitos eleitorais.
"Todos temos o direito de exercer o direito ao voto, de maneira livre e soberana. Estamos em festa, uma festa democrática. Venham todos. É tempo de eleger", declarou Alfonzo logo depois de votar no colégio Andrés Bello, uma das maiores zonas eleitorais de Caracas.
A Força Armada Nacional Bolivariana (Fanb) é responsável pela segurança e logística da votação. Em todos os colégios eleitorais, além dos funcionários, também estão fiscais dos partidos e mais de 200 observadores internacionais que acompanham o processo.
A missão de verificação do Conselho de Especialistas da América Latina (Ceela) está no país há mais de um mês verificando cada etapa e hoje está dividida em distintos colégios.
O presidente do Ceela, Nicanor Moscoso destacou a eficiência do processo. "A tranquilidade é absoluta. Como Conselho de Especialistas nós nos reunimos com candidatos opositores e governistas e todos manifestaram seu desejo de que os cidadãos votem e também demonstraram sua confiança na votação e no resultado que será divulgado no final do dia", declarou.
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A vice-presidenta executiva, Delcy Rodríguez foi a primeira representante do governo bolivariano a votar, incentivando os cidadãos a comparecer ainda pela manhã nos 14,2 mil colégios eleitorais instalados no país.
"Em união nacional vamos resgatar o Poder Legislativo daqueles que o sequestraram para satisfazer interesses de poderes estrangeiros. Daremos uma lição democrática ao mundo", declarou Rodríguez.
Voté por Venezuela!! Por la paz, la prosperidad y el futuro de nuestro pueblo! En unión nacional rescataremos el Poder Legislativo de quienes la secuestraron para satisfacer intereses de poderes foráneos. Daremos lección democrática al mundo! pic.twitter.com/7tNohTrYTD
— Delcy Rodríguez (@drodriven2) December 6, 2020
O presidente Nicolás Maduro e outras autoridades, como o chanceler Jorge Arreaza devem votar no período da tarde.
Edição: Douglas Matos