O ano de 2020 representou aumento substancial da violência política durante a campanha eleitoral, com alta de 196% nas ocorrências de assassinatos e atentados somente nas primeiras semanas de setembro. Em comparação aos primeiros meses deste ano, o período de 2 de setembro a 29 de novembro, teve aumento de 371% em casos dessa natureza.
Somente na semana anterior ao 1º turno, entre os dias 9 e 15 de novembro, foram contabilizados 45 casos de violência política, entre assassinatos, agressões, atentados e ofensas – uma média de seis casos registrados por dia. Os dados são do relatório "Violência Política e Eleitoral no Brasil", produzido pela iniciativa Terra de Direitos e Justiça Global.
Segundo o documento, foram contabilizados 13 assassinatos e 14 atentados entre 1º janeiro a 1º de setembro de 2020. Já entre 2 de setembro a 29 de novembro, houve registro de 14 assassinatos e 66 atentados contra candidatos e candidatas a prefeituras e câmaras de vereadores de diversas siglas partidárias.
O ano de 2020 já é considerado o mais violento contra candidatos e candidatas no Brasil. Nas eleições anteriores, em 2018, foram registrados 17 casos de assassinatos e atentados. Em 2019, houve 32 casos. Mesmo antes de ser finalizado, este ano já contabiliza 107 ocorrências. Portanto, o número é maior que a soma dos casos dos dois períodos anteriores.
Todos os casos de assassinato ou tentativa de assassinato ocorreram contra homens. Um candidato a prefeito e 13 candidatos a vereador foram mortos. Entres os partidos, houve registro de dois óbitos no PTB, no PP e no DEM. Patriota, MDB, PL, PT, PSC, Solidariedade e PTC tiveram um caso cada. Na relação das vítimas dos mais de 60 atentados estão 59 candidatos e 7 candidatas das legendas Cidadania, PDT, PSDB, Podemos, DEM, Republicanos, MDB, PSL, PT, PSC, PSB, PSD.
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Os estados com maior número de registros atentados, assassinatos, ameaças e agressões foram São Paulo, Pará, Rio de Janeiro e Bahia. A pesquisa confirma ambiente político de intimidação e ofensas à grupos sociais específicos, como mulheres, população negra e LGBTQI. São ocorrências permeadas pelo racismo, o machismo e a LGBTfobia.
"A violência crescente tem acompanhado movimentos que merecem a nossa atenção e preocupação. De um lado, a instrumentalização cada vez mais intensa da política por grupos criminosos. De outro, a atuação organizada de setores conservadores de extrema-direita que se utilizam da violência racial e LGBTfóbica para criar um ambiente de intimidação contra candidatas mulheres negras, mulheres trans ou de identidade LGBTQIA+”, afirma Elida Lauris, coordenadora da Terra de Direitos e da pesquisa.
Edição: Rodrigo Chagas