Entre 2017 e 2018, a média de despesa per capita dos brasileiros com consumo foi de R$ 1.370,00 por mês. A habitação é responsável pela maior parcela das despesas (R$ 466,00), seguida pelos gastos com transportes (R$ 234,00). Juntas, as duas áreas correspondem a pouco mais de 50% das despesas totais de consumo.
Os dados constam do Perfil de Despesas da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado nesta quarta-feira (25).
Considerando a média per capita nacional, os gastos com alimentação aparecem em terceiro lugar (R$ 219,44). Entretanto, as despesas com comida representam um peso maior para as pessoas de renda mais baixa.
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Pessoas em famílias com menor grau de instrução, por exemplo, gastam R$ 143,76 mensais com alimentação, o que equivale a 18,5% do total das despesas. Por outro lado, nas famílias onde a pessoa de referência tem nível superior, a despesa per capita com alimentos é de R$ 425,35, uma participação de 10,1% do total.
Tal disparidade não se repete na área da habitação, onde as despesas corrrespondem a 30,9% para pessoas sem instrução, conforme classifica o IBGE, e 26,2% para pessoas com nível superior.
A pesquisa mediu também como o valor do aluguel impacta o orçamento familiar. De acordo com a análise, 1,7% das pessoas vivem em domicílios cujo valor ultrapassa 1/3 da renda líquida familiar, sendo que a maioria dessas pessoas estão localizadas na área urbana do país e na região sudeste.
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Nesta edição da POF, o foco é na qualidade de vida das famílias, avaliada a partir de três óticas: a monetária, da renda e da despesa, propriamente dita; a subjetiva, na qual as aquisições de bens e serviços, como moradia, são avaliados diretamente pela população e, ainda, o que o IBGE define como caracterização não monetária dos serviços, como frequência do fornecimento de água.
A pesquisa detalha quanto as famílias brasileiras gastaram, em média, com aquisições de bens e serviços para atender diretamente suas necessidades.
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Pela primeira vez, a POF separa a renda monetária da não monetária para detalhar justamente o peso dos bens e serviços que as famílias receberam sem pagamento.
O levantamento aponta que para a parcela dos 10% mais pobres no Brasil, 42,5% da renda não vêm do dinheiro e sim de doações e serviços públicos. Contabilizando as rendas monetária e não monetária, e descontando os tributos dos bens e serviços, o valor médio da renda disponível familiar per capita mensal é de R$ 1.650,78.
Estrutura precária
Outro aspecto que compõe a análise sobre a moradia dos brasileiros são as características físicas dos domicílios em questão, que apresentam grau relevante de precariedade.
Ainda que 91,4% da população resida em casas com paredes externas com material predominante de alvenaria, taipa com revestimento ou madeira apropriada para construção, a proporção de pessoas com telhado com laje de concreto ou madeira apropriada, os materiais mais seguros, é de apenas 30,6% da população.
O saneamento básico é um outro entrave. Cerca de 2,8% dos brasileiros não tem banheiro exclusivo ou utilizam buraco no lugar da privada; nesta situação estão cerca de 5,7 milhões de pessoas, concentradas nas Regiões Nordeste e Norte.
O acesso universal ao tratamento de esgoto e coleta de lixo, direitos básicos universais, também não é garantido: 78,7 milhões de pessoas vivem em casas sem rede de esgoto e quase 22 milhões não possuem coleta de lixo.
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No período 2017-2018, a despesa média per capita com os chamados serviços de utilidade pública como energia elétrica, gás, comunicação, água e esgoto foi de R$ 114,12. A maior parcela de gastos com comunicação (internet e telefonia), com R$ 45,16 do valor total seguido pela energia elétrica no valor de R$39,64.
Saúde e educação
A POF também traz informações sobre o bem-estar da população em diversas dimensões. Uma delas é a saúde. Para isso, a pesquisa caracteriza o gasto das famílias brasileiras na área, como, por exemplo, o valor médio gasto com medicamentos, consultas e exames.
O panorama reforça a importância do Sistema Único de Saúde (SUS), já que, entre os brasileiros, 64,4% não tem ninguém da família com plano de saúde privado. Somente 18% das famílias têm todos os seus integrantes com um plano e 17% tem pelo menos um conveniado.
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As principais características das pessoas referência das famílias com restrição aos serviços de saúde são homens, pretos e pardos, com idade de 24 a 49 anos, fundamental incompleto e trabalhador autônomo.
No período entre 2017 e 2018, a despesa média por pessoa com educação era de R$ 120,00, com gastos maiores nas áreas urbanas do que nas rurais.
Edição: Rogério Jordão