Cerca de 17,3 milhões de pessoas de 18 anos ou mais utilizaram algum serviço de Atenção Primária à Saúde (APS), do Sistema Único de Saúde (SUS), nos últimos seis meses anteriores às entrevistas iniciadas em agosto de 2019, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cujos resultados foram publicados na Pesquisa Nacional de Saúde 2019 (PNS), nesta quarta-feira (21).
Em uma escala de zero a 10, os entrevistados deram uma nota de 5,9 para o atendimento realizado pela APS, que é a principal porta de entrada para o SUS, com atendimento básico, de prevenção e tratamentos. Dos 17,3 milhões, 69,9% foram mulheres; 60,9%, pretas ou pardas; 65%, tinham cônjuges; e 35,8%, 40 a 59 anos de idade.
Na análise do IBGE, o perfil do público que mais usa a APS “pode estar relacionado com aspectos culturais e estruturais de uma sociedade em que as mulheres ainda são as principais responsáveis pelos cuidados da família e pelos cuidados da própria saúde, incluindo a reprodutiva, o que pode levar a um nível maior de cadastramento e utilização por elas nas unidades de saúde”.
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Entre homens e mulheres, ambos têm uma percepção semelhante em relação à qualidade do serviço oferecido pelo SUS, com notas de 5,9 e 5,8, respectivamente. Mas, sob a perspectiva da faixa etária, a maior nota foi dada por pessoas idosas, aquelas que têm 60 anos ou mais de idade (6,1), em contraposição à nota dada pelos jovens entre 18 e 39 anos (5,6).
Quanto aos aspectos socioeconômicos, 64,7% dos entrevistados tinham renda familiar inferior a um salário mínimo, e 32,4% entre um e três salários mínimos. Segundo o IBGE, o fato do entrevistado estar trabalhando ou não influencia no uso dos serviços do SUS. No momento das entrevistas, a maioria da população brasileira era formada por pessoas não ocupadas, cerca de 54%. Em relação ao escore, tanto os mais ricos quanto os mais pobres da distribuição de renda familiar atribuíram uma nota geral de forma semelhante: 5,8.
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A pesquisa também trouxe aspectos domiciliares dos entrevistados, como acesso ao sistema de água e saneamento básico. Do total, 84% dos entrevistados tinham a rede geral como forma principal de abastecimento de água; 53,8% tinham acesso a saneamento básico; e 83,8% dispunham de lixo coletado diretamente por serviços de limpeza.
Outro dado foi o estado de saúde dos entrevistados. Entre as doenças mais comuns, 39,2% afirmaram ter hipertensão; 15,9%, diabetes; 15,3%, depressão; 7,9%, doença do coração; 5,9%, asma; e 2,1%, doença crônica de pulmão. Na mesma linha, o motivo mais comum para a procura pelo SUS foi problema de saúde ou continuação de tratamento (52,5), seguido por exames periódicos (40,2%).
Edição: Rodrigo Chagas