Entre 2010 e 2020, a Polícia Civil do Estado de São Paulo expulsou 956 agentes da corporação. Desses, 329, ou 35%, por corrupção. É o motivo mais recorrente para afastamento dos policiais paulistas, seguido de violência, com 136 ocorrências (14%).
Segundo Rafael Alcadipani, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o dado é preocupante pois a Polícia Civil é responsável pelas investigações de crimes no estado.
“Com corrupção, você esconde crimes, não desmonta quadrilhas, não investiga mais os criminosos do estado. Isso não é justificativa, mas a Polícia Civil enfrenta sérios problemas de remuneração e estrutura de trabalho. Uma polícia mal remunerada tende a ser mais corrupta”, explica Alcadipani.
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Ainda de acordo com o pesquisador, os dois principais motivos para afastamento de policiais das corporações são corrupção e violência: “é um dado universal”.
“Não acho que uma polícia seja mais corrupta que outra. Mas olha só, se por um lado, a Polícia Civil tem índices de letalidade baixíssimos, ao contrário da Polícia Militar, por outro, as duas polícias têm casos de corrupção. A Polícia Civil é quem formaliza e faz com que os atos criminais se tornem em denúncia. Então, aí é onde as coisas podem acontecer.”
Corrupção policial é um dos graves problemas do Brasil.
Os dados, obtidos via Lei de Acesso à Informação pelo coletivo Fiquem Sabendo, mostram que há uma redução no número de expulsões por corrupção, em relação ao começo da década. Em 2010, foram 71 casos. Esse número cai para 46 em 2011, volta a subir em 2012 (57), mas em seguida vive uma queda contínua, 2013 (54), 2014 (25), 2015 (25), 2016 (7), 2017 (27), 2018 (7), 2019 (6) e 2020 (4).
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Para Alcadipani, os dados são inéditos e “não há como determinar, agora, sem uma investigação profunda, os motivos para a queda nos índices de corrupção". "Porém, corrupção policial é um dos graves problemas do Brasil e precisamos ter um enfrentamento sério a esse problema”, argumenta.
Assim como os dados de corrupção, os números gerais de expulsão dos policiais civis caíram na última década. Em 2010, 222 agentes foram afastados. Quatro anos depois, uma queda acentuada para 72. Agora, em 2020, foram oito, até setembro.
Edição: Rodrigo Chagas