Depois de mais uma onda de violência nos presídios do país, o governo do Equador declarou estado de emergência por 60 dias nas prisões. Com isso, as forças armadas foram autorizadas a retomar o controle carcerário, a fim de impedir os inúmeros confrontos e mortes que tem ocorrido. Do fim de semana ate a noite desta terça-feira (25), ocorreram ao menos 31 assassinatos na penitenciária de Guayaquil, cidade litorânea e porta de entrada para o Pacífico.
Para tentar conter o conflito, cerca de 3 mil policiais ocuparam a penitenciária. Durante a ação foram apreendidas armas de fogo, munições, facões, dinamite, drogas, rádios de comunicação e dólares.
Após a ação dos militares, o presidente Guillermo Lasso publicou em rede social que a ordem foi restabelecida em Guayaquil.
"O Estado põe ordem na Penitenciária do Litoral porque a força coercitiva jamais se curvará. Hoje, pela madrugada, iniciamos a intervenção, após decretado o estado de exceção no sistema prisional com o Decreto 823", disse Lasso.
Com as eleições presidenciais previstas para 20 de agosto, o país assiste aos candidatos fazerem promessas para a área de segurança pública.
Alertas de bombas, lojas fechadas, suspensão de jornada de trabalho, aulas escolares e do transporte público já são realidade em algumas cidades equatorianas.
Em Esmeraldas, cidade de 220 mil habitantes que faz fronteira com a Colômbia, um artefato explosivo foi encontrado na sede da Promotoria. Um coquetel molotov lançado contra o órgão feriu um civil.
Em nota, a Promotoria pediu para que o Estado atue com firmeza contra a violência e a criminalidade, executando ações que permitam o desenvolvimento das atividades do órgão em um ambiente de paz e tranquilidade.
A Secretaria Geral de Comunicação do governo informou que os ataques são uma resposta do crime organizado às ações do Estado contra o narcotráfico e de ordenação do sistema penitenciário do país.
"O estado de exceção nos centros de privação de liberdade, para enfrentar o crime organizado e levar ordem às prisões, gerou a reação de grupos criminosos em Esmeraldas", afirmou o órgão.
Conflito de anos
O Equador enfrenta uma crise no sistema carcerário desde fevereiro de 2021, quando um motim em Guayaquil levou à morte 118 pessoas. Com vídeos de decapitações e corpos queimados, a rebelião ficou conhecida como a mais sangrenta do país.
Desde então, frequentes rebeliões deixam um rastro de morte no país. Já são mais de 400 assassinatos nos presídios equatorianos.
De acordo com o Ministério Público equatoriano, os motins ocorrem devido ao confronto de cartéis na disputa pelo controle dos presídios. O Equador é rota para a cocaína produzida no Peru e Colômbia e palco de disputas entre narcotraficantes.
Esta é só mais uma das crises que o país vivencia. Para evitar o impeachment, após ser acusado por crimes de peculato e corrupção passiva, o atual presidente do Equador, Guillermo Lasso, dissolveu o Parlamento e convocou novas eleições. A crise de segurança no fim de seu mandato se tornou motivo de promessas políticas de reforma nos presídios do país.
Edição: Thales Schmidt