REPRESENTATIVIDADE

Roraima elege 2 prefeitos, 3 vice-prefeitos e 10 vereadores indígenas

Cargos foram conquistados na região norte do estado, onde maioria da população é indígena

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Taxaua Benísio, Mario Nicácio e Dr. Raposo, indígenas eleitos em Roraima - Reprodução

O estado de Roraima elegeu dois prefeitos indígenas na noite deste domingo (15) durante as Eleições de 2020. No estado, um terço da cidades tiveram candidaturas indígenas concorrendo para a prefeitura, são elas: Amajari, Bonfim, Normandia, Pacaraima e Uiramutã.

Na região norte do estado, Tuxaua Benisio (Rede) e Professor Jeremias (PROS), também indígena, foram escolhidos prefeito e vice-prefeito por 42,49% dos eleitores em Uiramutã, foram 2.066 votos. A disputa final pela prefeitura ficou entre Benisio e Dedel, também candidato indígena que concorria pelo PP. 

Indígena da etnia Macuxi, Tuxaua Benisio, de 52 anos, nasceu em Normandia, também em Roraima, e atualmente reside e é Tuxaua (chefe temporal) da Comunidade Indígena Pedra Branca, localizada na Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 90% dos moradores de Uiramutã são indígenas. 

Para a Câmara Municipal, 6 candidatos indígenas foram eleitos na cidade, são eles: Cizimar da Água Fria (Cidadania), Cricya Raposo (PP), Profª Delzuita (Cidadania), Professor Gedeão (Rede), Professor Ribamar (PROS) e Profª Tania (Republicanos). No total, Uiramutã teve 40 candidatos indígenas concorrendo nesta eleição. 

Já em Normandia, Dr. Raposo, indígena Macuxi de 42 anos, foi eleito prefeito pelo PSD. Com  23.3%, ele teve 1.463 votos, apenas 55 a mais que o segundo colocado. De acordo com o IBGE, mais da metade da população do município (56%) se declara indígena.

Raposo é formado em Direito pela Faculdade Cathedral de Ensino Superior. Dos 31 candidatos indígenas concorrendo na cidade, apenas Dani Esbell, do Solidariedade, e Enfernmeiro Brizola, do PSD, conquistaram cadeira na Câmara Municipal.

Em Amajari, Ozeas Marques (PSD),  da etnia Taurepang, foi eleito vice-prefeito de Núbia Lima (MDB). Com 52 anos, atualmente é aluno do curso de licenciatura em Pedagogia pelo Centro Universitário Claretiano. Para a Câmara da cidade, Julio Souza foi eleito vereador pelo Republicanos.

Em Bonfim, Mario Nicácio, da etnia Wapichana, foi eleito vice-prefeito pelo Republicanos na chapa encabeçada por Joner Chagas. Nicácio é vice-coordenador da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB). Para a Câmara Municipal, Nonato do Moskow foi eleito pelo Pros.

Boa Vista, capital do estado, não elegeu indígenas para nenhum cargo. 

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), preocupada com a atual situação da população indígena no país, lançou a Campanha Indígena, um chamado para dar visibilidade às candidaturas dessa população no país.

Segundo a plataforma, foram 920 candidaturas indígenas na região Norte, 503 no Nordeste, 355 no Centro-Oeste, 234 na região Sul e 164 no Sudeste. Em 2020 foram registradas 2.177 candidaturas indígenas nas eleições municipais, um aumento de 21% em relação a 2016 quando foram registradas 1.715 candidaturas.

De acordo com os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o número de candidatos indígenas que tiveram sucesso nas urnas corresponde a 6,3% dos 157 parlamentares eleitos nos 15 municípios do estado.

Edição: Leandro Melito