Considerado um dos mais importantes teóricos brasileiros da Comunicação e do Jornalismo, Ciro Marcondes Filho faleceu, nesse domingo (8), em São Paulo (SP), aos 72 anos. Professor do Departamento de Jornalismo e Editoração da Universidade de São Paulo (USP), ele recebeu homenagens da instituição, de colegas e estudantes, além de ex-alunos.
"Sua genialidade e rigor acadêmico, sua retidão moral, sua dedicação ao alunato e à ECA já são profundamente sentidos. Só não serão ainda mais porque seu legado está mais vivo do que nunca, nos seus ex-alunos, os seus colegas e em suas obras e ensinamentos", expressa a nota do departamento no qual lecionava na Escola de Comunicações e Artes da USP.
Ciro foi autor de dezenas de artigos e livros, entre os quais O Capital da Notícia (1986) e Das Coisas que nos Fazem Pensar (2014), trazendo um olhar crítico na abordagem entre comunicação, sociologia e filosofia.
Lembranças do pensamento e da importância do teórico foram compartilhadas por ex-estudantes, colegas e admiradores de sua obra pelas redes sociais. "Triste com a morte de Ciro Marcondes Filho, neste domingo. Um dos maiores teóricos da comunicação e da modernidade e um professor gigante, de quem tive o prazer de ser aluno. Vai fazer falta neste momento, em que o conhecimento é trincheira civilizatória", escreveu em seu twitter o jornalista e ativista Leonardo Sakamoto.
"Com 'até que ponto, de fato, nos comunicamos?' Ciro Marcondes Filho abriu minha cabeça pra uma reflexão permanente sobre linguagem, comunicação e relações humanas. Mudou pra sempre meu entendimento da vida atravessada pelo 'encontro feliz entre duas intencionalidades'", também foi outra homenagem que circulou nas redes sociais, por Talita Guimarães.
Trajetória
Ciro Marcondes Filho era graduado em Ciências Sociais e em Jornalismo, com mestrado em Ciência Política pela USP e doutorado em Sociologia da Comunicação pela Universidade Goethe de Frankfurt. Trabalhou por 31 anos como professor de Jornalismo da USP.
"Criador da chamada Nova Teoria da Comunicação, propôs uma forma de olhar esse campo a partir da ideia de que só existe comunicação quando sujeitos são capazes de afetar uns ao outros, provocando pensamentos novos. Tanto aos jornalistas quanto aos comunicadores e aos pesquisadores, esse conceito exigente de comunicação demanda uma atitude de imersão e abertura sensível para o diferente, para os outros", expressou em nota o CJE-USP.
Como último trabalho, Ciro coordenava um projeto de pesquisa internacional intitulado "Tragédias Políticas", abordando o fenômeno da desinformação e seus impactos na política e na sociedade.
A causa da morte não foi divulgada oficialmente.
Edição: Vivian Fernandes