Quatro cabos eleitorais da campanha de Flávio Bolsonaro ao Senado, em 2018, foram pagos com dinheiro de caixa 2 pelo o ex-assessor Fabrício Queiroz. De acordo com o portal UOL, os pagamentos constam da quebra de sigilo bancário de Queiroz, determinada pela Justiça do Rio de Janeiro, na investigação do caso das “rachadinhas”.
Ao todo, foram realizadas 15 transferências bancárias da conta de Queiroz para os cabos eleitorais, que somam R$ 12 mil, entre 3 de setembro e 8 de outubro de 2018, período de campanha eleitoral até o dia seguinte ao primeiro turno. Nenhum dos pagamentos foi declarado à Justiça Eleitoral, o que configura caixa 2, de acordo com a legislação eleitoral.
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Durante esse período, o ex-assessor de Flávio ainda sacou R$ 63,8 mil em dinheiro, mas não há evidências de como o valor foi utilizado. O dinheiro foi retirado de uma conta bancária pessoal de Queiroz, na qual recebia pagamentos de assessores do gabinete de Flávio Bolsonaro no caso da rachadinha, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
A denúncia do UOL mostra que, entre setembro e outubro, Queiroz recebeu ao menos R$ 49 mil de cinco assessores do filho de Jair Bolsonaro. A campanha de Flávio ao Senado recebeu, oficialmente, R$ 712 mil e contratou R$ 491 mil em despesas. Porém, MP-RJ aponta que Queiroz usou o dinheiro do esquema da “rachadinha” para pagar ao menos R$ 261 mil das despesas pessoais de Flávio Bolsonaro e sua família, desde contas do plano de saúde a mensalidades da escola das filhas.
‘Deu ruim’
A Rede Globo divulgou, na noite de último domingo (8), mensagens de texto enviadas por Luiza Sousa Paes, ex-assessora de Flávio Bolsonaro, que prestou depoimento ao Ministério Público, na denuncia contra o senador por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Em conversa com seu pai, Luiza comentou as investigações contra Flávio Bolsonaro. “Caraca! Tu viu alguma parte do ‘Jornal Hoje’? Bateu direto naquele negócio do Queiroz. Direto isso, a foto dele estampada no ‘Jornal Hoje.’ Agora deu ruim”, escreveu Luiza.
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Luiza e mais 90 pessoas ligadas a Flávio Bolsonaro tiveram seus sigilos bancários quebrados pela Justiça em 2019. Em maio do ano passado, ela enviou a seguinte mensagem ao pai: “Já viu as notícias? Quebraram o sigilo de um monte de gente. Provavelmente o meu também”, disse ela. Em outra conversa, a jovem perguntou ao pai o que fazer com os recibos de depósitos feitos a Queiroz, assim que soube que ela também era alvo das investigações.
De acordo com informações divulgadas pelo jornal O Globo, Luiza disse que nunca atuou como funcionária de Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual, segundo seu depoimento ao MP-RJ. Ela afirma que era registrada na Alerj, mas recebia salário e repassava mais de 90% do valor para Queiroz. Ela apresentou extratos bancários para comprovar a rachadinha.