Crise sanitária

Covid-19: quase 2 mil pessoas morreram por falta de leitos no estado do Rio

Dados foram levantados pela Defensoria Pública e contradizem afirmações do prefeito da capital, Marcelo Crivella

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Ação de limpeza contra o coronavírus promovida pelos moradoras da comunidade de Santa Marta, na cidade do Rio de Janeiro - Carl de Souza/AFP

Um dia após o prefeito do Rio de Janeiro (RJ), Marcelo Crivella (Republicanos), afirmar que "ninguém morreu por falta de leitos" na cidade e convocar uma retomada econômica geral, a Defensoria Pública do estado (DPRJ) divulgou um estudo indicando que quase duas mil pessoas infectadas pela covid-19 morreram aguardando internação. O dado é referente a toda a região, mas os autores do relatório apontam que a capital concentra a maior parte da população e, portanto, teria os cenários mais preocupantes.

Segundo a defensora Thaísa Guerreiro, coordenadora de Saúde e Tutela Coletiva da DPRJ, o estudo demonstra, "a partir de amostra significativa, com relevância estatística, que estado e municípios fluminenses, sobretudo o município do Rio de Janeiro, onde está concentrada a maior parte da população, não se planejaram para um enfrentamento adequado da pandemia."

O relatório expõe que, entre os meses de abril e agosto, pelo menos 1.891 pacientes faleceram aguardando um leito ou no transporte para o hospital. O número corresponde a mais de 44% dos que precisaram de internação na rede pública do estado por suspeita ou diagnóstico confirmado de covid-19. Foram identificadas ainda 104 pessoas que morreram antes mesmo de serem inseridas no Sistema Estadual de Regulação. 

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Na terça-feira (3), em entrevista ao canal televisivo CNN, Crivella disse que a cidade do Rio de Janeiro não passará por uma segunda onda do coronavírus, porque teria alcançado imunidade de rebanho. Ele não deu nenhum dado ou explicação científica para a afirmação. Além disso, o prefeito disse que as curvas da covid na cidade vêm caindo há meses. No entanto, os números de mortes na capital fluminense apresentam alta nas últimas duas semanas.

A soma de óbitos registrados na cidade desde os primeiros registros do vírus é superior a 12 mil e o total de casos ultrapassa 119,5 mil. O estado do Rio de Janeiro é o segundo em números absolutos de mortes no Brasil e contabiliza mais de vinte mil casos fatais da covid-19. A taxa de letalidade está em 6,6%, a maior do Brasil, que tem média nacional de 2,9%. 

Números diários no Brasil

Segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) até esta quarta-feira (4), 161.106 pessoas morreram em decorrência da covid-19 no Brasil. Foram confirmados 610 óbitos em um dia. O número de contaminados desde os primeiros registros do vírus em território nacional chega a 5.590.025. Nas últimas 24 horas, houve registro de 23.976 novos pacientes. 

O que é o novo coronavírus

Trata-se de uma extensa família de vírus causadores de doenças tanto em animais como em humanos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em humanos os vários tipos de vírus podem provocar infecções respiratórias que vão de resfriados comuns, como a síndrome respiratório do Oriente Médio (MERS), a crises mais graves, como a Síndrome Respiratória Aguda severa (SRAS). O coronavírus descoberto mais recentemente causa a doença covid-19.

Como ajudar quem precisa?

A campanha “Vamos precisar de todo mundo” é uma ação de solidariedade articulada pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo. A plataforma foi criada para ajudar pessoas impactadas pela pandemia da covid-19. De acordo com os organizadores, o objetivo é dar visibilidade e fortalecer as iniciativas populares de cooperação.

 

Edição: Rodrigo Chagas