Uma nova onda de protestos antirracistas eclodiu a cinco dias da eleição presidencial nos Estados Unidos após a morte de Walter Wallace Jr., um homem negro alvejado por dois policiais da Filadélfia. O pleito está marcado para a próxima terça-feira (3).
Walter foi morto na última segunda-feira (26) com mais de dez tiros, sem chance de defesa. Ele portava uma faca, mas estava longe dos policiais e não representava ameaça iminente – um vídeo do assassinato comprova isso. Segundo a família, ele sofria de problemas de saúde mental.
A morte levou milhares de pessoas às ruas logo na noite de segunda, quando houve confrontos, ao menos 90 detenções e saques esporádicos na Filadélfia, conforme divulgou a polícia local.
Ainda segundo o balanço, 30 agentes ficaram feridos – entre eles, um quebrou a perna ao ser atropelado por um caminhão. Depois disso, a polícia anunciou que aumentaria a presença de agentes em pontos-chave, para garantir a ordem.
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Na quarta-feira, a prefeitura de Filadélfia decretou toque de recolher para evitar mais manifestações, entre 21h (22h em Brasília) e 6h desta quinta (29). A medida pode ser estendida.
A cidade é a mais populosa do estado da Pensilvânia, o mais disputado entre Donald Trump, candidato à reeleição, e Joe Biden, candidato do Partido Democrata.
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Reações
O presidente Donald Trump colocou a culpa pelos protestos no prefeito de Filadélfia, o democrata Jim Kenney. Por meio da Casa Branca, ele disse estar monitorando a situação.
"O que vejo é terrível, e o prefeito ou quem quer que seja que autoriza pessoas a se manifestar e saquear sem detê-las é igualmente terrível", tentou eximir-se o presidente.
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Joe Biden e sua candidata a vice, Kamala Harris, afirmaram em um comunicado que seus corações estão "partidos" pela família de Wallace. Mas também pediram aos manifestantes que protestem pacificamente.
"Nenhuma quantidade de raiva diante das muitas e reais injustiças em nossa sociedade é desculpa para a violência", afirmaram.
A disputa eleitoral entre Trump e Biden é marcada por fortes protestos antirracistas desde maio, quando George Floyd foi morto por um policial branco em Minneapolis. Durante a corrida pela Casa Branca, ambos têm usado as manifestações para promoverem suas agendas.
Edição: Rodrigo Chagas