O ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica, de 85 anos, renunciou nesta terça-feira (20) ao cargo de senador e pôs fim à sua carreira política em cargos públicos.
A aposentadoria foi antecipada em razão da pandemia de coronavírus, segundo o próprio. "Esta situação me obriga, com muito pesar, por minha profunda vocação política, a solicitar minha renúncia à cadeira que os cidadãos me concederam", escreveu o ex-presidente, em carta lida no Senado uruguaio.
Mujica, que governou o país entre 2010 e 2015, sofre de uma doença autoimune. Ele já havia renunciado ao cargo de senador em 2018, alegando cansaço, mas voltou no ano seguinte, quando foi novamente eleito.
::"Únicos derrotados são os que baixam a cabeça", lembra Mujica::
Ao anunciar sua retirada do cenário eleitoral, o líder uruguaio ressaltou que não deixará de fazer política fora da engrenagem estatal.
"Isto não significa o abandono da política, mas sim o abandono da primeira fila, por entender que um dirigente é aquele que dá vantagem às pessoas que o superam. Vou agradecido, com muitas recordações e profunda nostalgia. A pandemia me derrubou", disse ele.
Como presidente, Pepe ficou marcado por seu altruísmo, pela simplicidade e por liderar a aprovação de leis de teor progressista, como o casamento gay, o aborto e a regulação da produção e consumo da maconha.
A trajetória de Mujica foi retratada no filme “Pepe, una vida suprema”, do diretor sérvio Emir Kusturica. A obra foi premiada pelo Conselho Internacional de Cinema e Televisão (CICT) da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em setembro de 2018.
Na ocasião da apresentação do documentário, em Veneza, Mujica disse: “Eu não sou uma estrela, eu não nasci estrelado” ao comentar que estava ali “exclusivamente por um amigo, um amigo chamado Kusturica”.
Edição: Rodrigo Chagas