De preso político a refém da ditadura militar no Uruguai durante 12 anos, o ex-presidente José Pepe Mujica tem sua história contada no filme “Uma noite de 12 anos”, em cartaz em salas de cinema do Rio de Janeiro. Elogiado pelo público e por festivais em todos os países por onde passa, a produção vai representar o Uruguai no Oscar 2019.
Nas estreias pelo mundo, Mujica, que tem 83 anos e deixou recentemente o cargo de senador, costuma contar aos jornalistas que sua resistência para enfrentar a solidão e as torturas da ditadura (1973–1985) veio da coragem que a mãe disse que ele precisava ter em uma das visitas que ela fez nas dezenas de prisões pelos quais ele passou.
“Ninguém nunca vai te tirar o que você carrega dentro de você”, diz a mãe daquele que viria a ser o presidente mais elogiado na história do Uruguai e que na juventude participou do Movimento de Liberação Nacional-Tupamaros para libertar o país do banho de sangue que os militares impuseram ao povo.
“Vocês não são presos, são reféns do governo militar. Vamos deixá-los loucos, perderam a guerra e agora são uns condenados”, diz um militar na história, que é inspirada no livro “Memórias do calabouço”, de Mauricio Rosencof e Eleuterio Fernández Huidobro. Junto com Mujica, os dois autores estão representados no filme dirigido por Alvaro Brechner.
Muito elogiado pela estética das imagens, “Uma noite de 12 anos” também vem sendo discutido politicamente como um alerta sobre a volta de regimes militares que podem lançar uma nova era de opressão sobre a América Latina.
Edição: Eduardo Miranda