No município de Juazeiro do Norte (a 500km de Fortaleza), mais de 150 famílias estão lutando por moradia digna. Cleiton Neto, da coordenação estadual do Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD) informa que essa luta já dura dois anos. De acordo com ele, desde o início de 2018, a luta tem como perspectiva aplicar uma ementa parlamentar articulada na Assembleia Legislativa do Ceará que destinaria R$500 mil reais para execução de moradia popular no município de Juazeiro do Norte, mas que ainda não foi executado.
Cleiton afirma que, no último dia 13, três homens apareceram, no terreno que estão ocupando atualmente, em um carro gol preto e um deles estava armado. Eles tentaram intimidar os ocupantes com uma arma de fogo na cintura. De acordo com Cleiton, o homem alegava ser um policial e dizia que estava só esperando o dono do terreno vir para tirar as pessoas do local.
“A gente foi pra cima dele, dizendo que lá não tinha nenhum bandido, que ele não podia estar armado lá, que nós éramos um movimento organizado, um movimento nacional, etc... etc... Aí ele foi embora. Mas isso conseguimos resolver, como também conseguimos contornar a situação do terreno em si, com um desses donos, que se diz dono de uma área verde. Conversamos com ele, e ele abriu mão desse terreno. Disse que não ia mais disputar”, disse o coordenador estadual do MTD.
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“Ao longo do tempo, nós fomos construindo algumas alternativas para serem propostas à prefeitura daqui e uma delas era a construção de um projeto de lote urbanizado onde a prefeitura entraria com assistência técnica e o terreno, e nós, enquanto movimento, sociedade civil e articulação política com os deputados estaduais e federais iríamos conseguir material para construção de moradia popular em regime de mutirão”, explicou Cleiton. Mas, segundo ele, a prefeitura não comprou a ideia. Ainda assim, o movimento conseguiu construir uma comissão mista para que pudesse avançar esse projeto.
Cleiton disse que no final do ano passado, no dia 31 de dezembro, a prefeitura, por pressão dos movimentos populares que fazem o debate da moradia, sancionou uma lei de doação de três áreas públicas, uma de 63 mil m², outra de 17 mil m², e uma terceira de 30 mil m²: “Essas três áreas seriam para construção de habitação popular. Nós conseguimos um topógrafo, fizemos um mapeamento, começamos a construir um método, o passo a passo de como a moradia pela luta”.
Dessas áreas destinadas para a construção de habitação popular, Cleiton diz que a de 63 mil m² foi ocupada por um pessoal “avulso” e que já está, inclusive, cercando esse terreno. “Esse espaço de 63 mil m², que compreende 10 quadras, já está em construção. Só restou a área do campo, que é um campo de futebol da própria comunidade. Nós iríamos ocupar lá no dia 27 de setembro, só que a prefeitura chegou e pediu para que não começasse a construir, pois queria fazer negociação e nós demos um prazo até o dia 2 de outubro para negociar. Só que não avançou. Aí, fomos para outra área da prefeitura, que essa não foi doada, mas que é terreno da prefeitura, é área verde”.
As famílias estão realizando trabalhos de construção no terreno, que fica no bairro do Campo Alegre. Cleiton explica que no cadastro para moradia popular, estão 150 famílias, mas que nem todas podem estar presentes diariamente para trabalhar no local da ocupação. Cleiton afirma que, atualmente, quarenta famílias estão se revezando nos trabalhos no local.
A ação por luta por moraria está sendo feita pelo Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), Levante Popular da Juventude e Consulta Popular.
Fonte: BdF Ceará
Edição: Monyse Ravena