O Conselho Federal suíço proibiu, nessa terça-feira (14), a exportação de cinco pesticidas já vetados no país devido aos riscos que oferecem.
Segundo a ONG suíça Public Eye, esta é uma importante decisão do governo suíço para proteger as pessoas e o meio ambiente “contra produtos químicos perigosos”.
Para a organização, a proibição do Conselho Federal suíço vai de encontro às pesquisas e relatórios apresentados pela Public Eye sobre exportação de agrotóxicos “made in Switzerland” [feitos na Suíça] e suas consequências desastrosas nos países emergentes.
A decisão, que passa a valer a partir de 2021, proíbe a exportação de pesticidas como o paraquate, vetado no país europeu desde 1989, mas que continua sendo exportado pela Syngenta, multinacional com sede na Suíça.
O paraquate está proibido no Brasil por decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde setembro deste ano.
Os agrotóxicos abrangidos pela normativa, além do paraquate, são: atrazina, diafentiurom, metidationa e profenofós. Outros pesticidas produzidos pela gigante transnacional Syngenta continuarão sendo comercializados.
:: Mesmo com pandemia, governo Bolsonaro já liberou 150 novos agrotóxicos este ano ::
Como revelou uma reportagem da Agência Pública, o Brasil é o segundo maior comprador de agrotóxicos fabricados na Europa, mas proibidos para uso na União Europeia e Inglaterra.
O país importou 10 mil toneladas de agrotóxicos em 2018 e 12 mil toneladas em 2019. Segundo a reportagem, mais da metade (77%) dos agrotóxicos saiu da fábrica da Syngenta na Inglaterra.
Um relatório produzido pela Public Eye em 2019, intitulado “Lucros altamente perigosos: como a Syngenta ganha bilhões vendendo agrotóxicos”, revela que a Syngenta é a principal vendedora de agrotóxicos no Brasil, com uma parcela de 18% do mercado nacional, respondendo por vendas que atingiram US$ 1,6 bilhão em 2017.
A análise da ONG suíça indica “que a maior parte desse total é proveniente da venda de agrotóxicos listados pela PAN como altamente perigosos”. A organização estima que as vendas desses produtos chegaram a US$ 1 bilhão em 2017.
Edição: Luiza Mançano