O influenciador digital Felipe Neto, 32 anos, foi eleito pela revista americana Time como uma das 100 personalidades mais influentes do mundo em 2020.
Com quase 40 milhões de seguidores no YouTube e 12 milhões no Twitter, a publicação reconheceu a importância de Neto, especialmente quando, em julho, o jornal The New York Times publicou um vídeo no qual ele faz duras críticas à forma como o presidente Bolsonaro lidava com a crise do novo coronavírus no Brasil.
O perfil de Neto na Time, publicado na terça (22) foi assinado pelo deputado federal David Miranda (Psol RJ) que, assim como o influenciador, sofre de perto os efeitos de campanhas de ódio orquestradas pela extrema-direita brasileira. Miranda foi considerado o primeiro vereador LGBT do Rio de Janeiro, quando foi eleito em 2013 e é casado com o jornalista Glenn Greenwald que denunciou esquemas ilegais de vigilância global praticados pelos EUA.
"Neto usa as mesmas plataformas de mídia social nas quais o presidente navegou habilmente para divulgar informações falsas e ganhar seguidores durante sua eleição", diz o texto em inglês.
"Em maio, o vídeo de Neto denunciando outros influenciadores que permanecem em silêncio sobre o autoritarismo de Bolsonaro foi visto por milhões."
"Em julho, ele detalhou como Bolsonaro tem sido o líder mais destrutivo do mundo na pandemia da covid-19 em um vídeo para o New York Times. A família Bolsonaro frequentemente responde a ele nas redes sociais, às vezes excluindo suas postagens."
"Quando Felipe Neto fala, milhões ouvem. E sua voz agora justa e politizada ressoa poderosamente em um país cuja democracia está em perigo", finaliza Miranda.
O outro
Apenas mais um brasileiro integra a lista da revista: Bolsonaro. Seu perfil na Time, no entanto, não foi elogioso. O editor de notícias internacionais da publicação escreveu:
"A história do ano no Brasil pode ser contada em números: 137 mil vidas perdidas para o coronavírus. A pior recessão em 40 anos. Pelo menos cinco ministros demitidos. Mais de 29 mil incêndios na Floresta Amazônica somente em agosto. Um presidente, cujo teimoso ceticismo sobre a pandemia e indiferença à destruição ambiental, elevou todos esses números", disse Dan Stewart.
O editor ressalta que apesar disso - e do caminhão de denúncias de corrupção - , a aprovação de Bolsonaro é alta, com apoiadores que lembram os de uma seita religiosa. "Se para sua base, ele simplesmente não erra, sobra para o resto do Brasil e do mundo contabilizar os danos."
Edição: Rodrigo Durão Coelho