Ibaneis Rocha

Trabalhadores ambulantes do DF denunciam repressão e pedem direito de trabalhar

"Nós, camelôs, não somos tratados como cidadãos, somos tratados pior que um ladrão e um criminoso", relata trabalhadora

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
O desemprego no DF já atinge 207 milhões de trabalhadores informais - Nayá Tawane

Cerca de 150 ambulantes, que comercializam produtos na área central de Brasília, se reuniram na Rodoviária do Plano Piloto em uma assembleia, nesta sexta-feira (18), para denunciar a repressão policial que apreendeu seis caminhões de mercadorias, na última quinta-feira (17).

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A ação, conduzida pela Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal, conhecida como DF Legal, gerou revolta. Agora a categoria está se mobilizando contra as violações para reivindicar o direito ao trabalho durante a pandemia, já que o auxílio emergencial foi cortado pela metade pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

Estamos na luta porque queremos um espaço para trabalhar.

A reunião contou com uma articulação entre os trabalhadores e a circulação de um abaixo-assinado para pressionar o governo do estado a garantir os direitos da categoria e denunciar a violência. A comerciante Mariane Silva, relata a truculência da operação contra os trabalhadores.

"A polícia já chega tomando a mercadoria. Se tem alguma pessoa gravando, eles tomam o celular e não deixam filmar. Eles sempre são muito violentos, nunca buscam conversar. Nós, camelôs, não somos tratados como cidadãos, somos tratados pior que um ladrão e um criminoso. Não somos isso, somos trabalhadores", afirma.

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O cenário de desemprego na capital do país já atinge 207 mil trabalhadores informais. A redução do auxílio emergencial e a dificuldade para o acesso ao benefício deixa as famílias ainda mais desamparadas durante a pandemia.

A Secretaria do DF Legal negou conflitos e prisões e informou, em nota, que a operação fiscalizou galpões que "guardavam de forma irregular os produtos dos ambulantes".

Edição: Marina Duarte de Souza