Beirute

Líbano escolhe novo primeiro-ministro quase um mês após explosão

Embaixador na Alemanha, Mustapha Diab é muçulmano sunita, o que mantém o sistema de divisão de poderes no país

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Mustapha Adib
O atual embaixador do Líbano na Alemanha, Mustapha Adib, foi nomeado primeiro-ministro - Wikimedia Commons

Quase um mês após a explosão no porto do Líbano que deixou ao menos 190 mortos e mais de 6 mil feridos, o país tem um novo primeiro-ministro, trata-se do atual embaixador na Alemanha, Mustapha Adib. A sua nomeação ocorreu nesta segunda-feira (31), feita pelo presidente do país, Michel Aoun, depois da indicação ser aprovada pelo Parlamento. O antecessor no cargo foi Hassan Diab, que renunciou no último dia 10 de agosto

O primeiro-ministro que toma posse é muçulmano sunita, o que mantém o sistema de divisão do poder  político no país (além desse cargo, o presidente deve ser sempre cristão maronita e o presidente do Parlamento muçulmano xiita). 

Advogado e professor universitário de 48 anos, Adib era o embaixador libanês na Alemanha desde 2013. Além disso, foi conselheiro e chefe de gabinete do ex-premiê Najib Mikati, mas é apontado como não tendo grande experiência política.

A formação de um novo governo após a explosão que provocou perdas de pessoas e econômicas bilionárias para o país é o grande desafio do novo mandatário. Em seu discurso de nomeação, o novo premiê pediu reformas imediatas como um passo para garantir um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

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Adib é o terceiro a assumir o cargo em menos de um ano. Em outubro de 2019, Saad Hariri renunciou após grandes protestos da população. Seu sucessor, Hassan Diab, assumiu em janeiro e depois renunciou seis dias após a explosão na zona portuária de Beirute.

A indicação de Adib ao Parlamento libanês recebeu apoio dos principais grupos políticos do país, como o Movimento Futuro, maior partido sunita do Líbano, chefiado por Hariri, o xiita Hizbullah e o cristão Movimento Patriótico Livre, do presidente Aoun.

Desde a explosão de 2.750 toneladas de nitrato de amônio em um armazém do porto em Beirute, a instabilidade política e econômica foi descortinada com as manifestações que se ampliaram pelo país. Os protestos também levaram à renúncia da então ministra da Informação do Líbano, Manal Abdel Samad, e do ministro do Meio Ambiente, Damianos Kattar, logo depois da tragédia.

Os libaneses associam a tragédia do dia 4 de agosto à ineficiência das autoridades e à corrupção no governo de Michel Aoun, na Presidência desde outubro de 2016. Segundo a emissora de TV Al Jazeera, uma denúncia sobre o risco de armazenamento do material foi feita às autoridades libanesas, há pelo menos seis anos. Apesar dos alertas, o governo libanês não tomou nenhuma medida em relação à estocagem.

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Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), em relatório do último domingo (30), o agravamento da crise econômica leva a um quadro de que mais da metade da população libanesa pode ter dificuldades para acessar alimentos. As estimativas oficiais apontam que, apenas em Beirute, mais de 300 mil pessoas ficaram desabrigadas.

Edição: Vivian Fernandes