“O povo cuidando do povo” é o lema da campanha Mãos Fraternas, que inaugura uma nova etapa no mês de agosto. A meta é formar agentes populares de saúde para atuar no enfrentamento à covid-19 em periferias e áreas rurais das cidades de João Pessoa, Campina Grande e Patos, na Paraíba.
Iniciada em abril, a partir de uma parceria entre pequenos agricultores, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Ministério Público Federal (MPF), a campanha já doou 26 mil litros de leite e 30 toneladas de alimentos a famílias paraibanas em situação de vulnerabilidade social. Ao longo do primeiro semestre, outras organizações e movimentos populares também se somaram à campanha.
A aula inaugural do curso de formação de agentes populares de saúde está prevista para a próxima quarta-feira (12), e terá a participação da pesquisadora do departamento de Saúde Coletiva da Fiocruz, Paulette Cavalcanti, do secretário executivo de Gestão da Rede de Unidades de Saúde do Estado, Daniel Beltrammi e do médico e professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Felipe Proenço.
A abertura do curso será transmitida ao vivo, às 18h, pelos canais da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) no YouTube e Facebook.
Cuidar do povo
Segundo Dilei Schiochet, da coordenação estadual do MST, a proposta do curso de formação surge da percepção de que as comunidades pobres da região metropolitana e do interior têm sido as mais atingidas pela pandemia. Os principais motivos seriam a falta de recursos e a ausência de assistência por parte do poder público.
“A gente começou a perceber que o povo não estava sendo cuidado. Então os agentes populares de saúde vêm atender uma necessidade real e concreta das periferias e áreas das comunidades rurais", explica a coordenadora.
"Nosso objetivo é formar e capacitar moradores dessas localidades para que tenham o mínimo de noção de como cuidar de seus vizinhos, como encaminhar essas pessoas que têm dificuldade de acesso ao sistema de saúde e ajudá-las para que não morram nas periferias.”
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Atividades presenciais e online
Para contemplar o maior número possível de pessoas e, ao mesmo tempo, zelar pela segurança e saúde dos participantes, o curso será oferecido gratuitamente e deve conjugar atividades presenciais e online.
Felipe Proenço, médico de família e comunidade e professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), conta que o curso será dividido em três módulos.
“O primeiro é sobre o que é o vírus, como ele se transmite e o que é importante fazer para se proteger. O segundo módulo orienta, a partir do momento que a pessoa tem sintomas, como ela deve proceder e como ela deve procurar o serviço de saúde. E o terceiro módulo faz a discussão de como a saúde é um conceito mais amplo e como ela depende da garantia de direitos como o direito à terra, à moradia, saneamento e à alimentação.”
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Serviço permanente de atenção e cuidado
Embora o foco principal do curso seja o enfrentamento à covid-19, a formação dos agentes populares de saúde pretende estabelecer uma espécie de serviço permanente de atenção e cuidado dentro das comunidades e periferias.
“Queremos que os agentes sejam pessoas que olhem os problemas do povo e que possamos, juntos, nos unirmos para ajudar a resolver os problemas do povo. Agora nós temos a covid, a dengue, mas também temos o problema do lixo, temos o problema da moradia, o problema da água. Não adianta a gente dizer ‘lave as mãos’ se as pessoas não têm acesso à água", explica Dilei Schiochet.
"Então é um processo de formação que nos leva a pensar sobre um processo de organização das periferias, de ajuda mútua entre os pobres. Por isso esse grande lema 'o povo cuidando do povo'".
Fonte: BdF Paraíba
Edição: Maria Franco