Metade das mulheres brasileiras passaram a cuidar de alguém durante a pandemia de covid-19. Quando se faz o recorte de raça e região, por exemplo, os números mudam. No ambiente rural, 62% das mulheres passaram a ter esse tipo de responsabilidade. Quanto ao suporte nas tarefas de cuidado, as mulheres negras são as mais desassistidas.
As informações são do estudo “Sem Parar: o trabalho e a vida das mulheres na pandemia”, realizado realizado pelas organizações Gênero e Número e Sempreviva Organização Feminista (SOF) e divulgado nesta quinta-feira (30).
Ainda segundo a pesquisa, 41% das mulheres estão trabalhando mais durante a pandemia, e a maior parcela é de mulheres brancas, “evidenciando que a ausência de funcionárias no domicílio ou de espaços como a creche e escola pesou mais para esse grupo”, afirmam as organizações no documento. As mulheres que estão em casa sem receber renda ou com diminuição da renda, essas são 39% daquelas que responderam o questionário.
De acordo com as organizações, o objetivo do estudo, realizado com 2.600 mil mulheres brasileiras entre abril e maio, foi identificar a os efeitos da pandemia sobre o trabalho, a renda as mulheres e a sustentação financeira da casa, levando em conta as tarefas de cuidado.
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“Eu estou fazendo isolamento e trabalhando de casa, porém minha renda despencou”, afirmou uma mulheres no questionário. Outra disse que “a empresa reduziu o pagamento a apenas 50% sem reduzir a jornada (minha situação é informal) e isso me força a reorganizar a vida financeira, porque acabo tendo ainda mais gastos com mercado, energia, etc”.
Segundo as organizações, “entender a situação do cuidado durante a pandemia é fundamental para o desenho de ações que sejam capazes de transformar essas dinâmicas de desigualdade que imbricam gênero, raça e classe”, uma vez que é esta a parcela da população sobre a qual as condições precárias de sobrevivência recaem com mais expressividade.
Edição: Rodrigo Chagas