Nesta quarta-feira (22), os Estados Unidos exigiram e deram 72 horas para o fechamento do consulado chinês, em Houston, no Texas. A informação foi confirmada pelo Ministério das Relações Exteriores da China que, em comunicado oficial divulgado nas redes sociais, afirmou que a decisão de Washington foi uma “provocação unilateral” e que viola “seriamente a lei internacional”.
Segundo a nota, Pequim “condena essa decisão ultrajante e injustificada que vai sabotar as relações entre China e EUA”. Ainda pediu o recuo da decisão, caso contrário prometeu retaliações: “A China vai reagir de forma legítima e necessária”.
O órgão chinês afirmou também que os EUA vem "transferindo a culpa para a China com estigmatização e ataques injustificados contra o sistema social chinês, perturbando a diplomacia chinesa e a equipe do consulado nos EUA, intimidando e interrogando estudantes chineses e confiscando seus aparelhos eletrônicos pessoais, e até mesmo prendendo-os sem motivo".
Além disso, destacou que a "China está comprometida com o princípio de não-interferência. Invasão e interferência nunca está nos genes e na tradição da política externa da China", diz.
:: Artigo | A hegemonia dos EUA e a ascensão da China ::
Segundo a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Morgan Ortagus, o fechamento do consulado foi determinado "para proteger a propriedade intelectual e as informações privadas norte-americanas".
"Os Estados Unidos não vão tolerar as violações à nossa soberania e intimidação do nosso povo pela China, assim como não toleramos práticas de comércio injustas, roubo de empregos norte-americanos e outros comportamentos flagrantes. O presidente Trump insiste na justiça e reciprocidade nas relações sino-norte-americanas", afirmou a porta-voz em coletiva de imprensa.
"A República Popular da China está engajada há anos em operações de espionagem ilegal maciça e influente nos EUA contra funcionários do governo e cidadãos americanos. Essas atividades aumentaram consideravelmente nos últimos anos", destacou Ortagus.
:: Por que a Huawei representa uma ameaça para os Estados Unidos? ::
Comparações com a Guerra Fria
Em entrevista recente, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, não confirmou nem negou uma comparação do atual momento com a Guerra Fria.
A relação entre China e Estados Unidos vem se deteriorando desde a eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos, que ficou marcada pela guerra comercial entre os dois países e agora pela pandemia do novo coronavírus.
Nesta terça-feira, procuradores estadunidenses acusaram hackers chineses de realizar uma "campanha global de invasão de computadores", a fim de acessar estudos sobre tratamentos para a covid-19, com o apoio de Pequim.
Atualmente, o país asiático têm cinco consulados nos EUA: em Nova York, Chicago, São Francisco, Los Angeles e Washington.
De acordo com a mídia local, um incêndio foi visto no pátio do consulado chinês, em Houston, na noite desta terça-feira (21). Ao comentar sobre uma suposta queima de documentos, o Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que o órgão estava funcionando “normalmente”.
Edição: Leandro Melito