O líder indígena cacique Raoni Metuktire permanece internado e seu quadro de saúde é considerado estável, segundo último boletim médico divulgado pelo Instituto Raoni, nesta segunda-feira (20). Raoni foi hospitalizado com sintomas de fraqueza, falta de ar, teve complicações gastrointestinais e desidratação depois de desenvolver um quadro de depressão causado pela morte de sua esposa, Bekwyjkà Metuktire, no dia 23 de junho.
Testado para a covid-19, Raoni apresentou resultado negativo. Segundo a nota, foram detectadas úlceras na endoscopia gastro-duodenal da liderança.
Os médicos acreditam que esse é o local provável do sangramento, que está controlado. "Sua evolução clínica tem sido satisfatória e aguarda-se, nas próximas horas, o resultado da ressonância abdominal realizada esta tarde", diz o informe.
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Depois de uma piora no estado de saúde, o cacique foi transferido para um hospital com leito de UTI na cidade de Sinop (MT), no último sábado (18). Inicialmente, na quinta-feira (16), ele foi internado em um hospital particular em Colíder (MT), localizado a cerca de 600 quilômetros de Cuiabá.
Raoni tem 88 anos e é reconhecido mundialmente pela defesa aos direitos dos povos indígenas e da floresta amazônica. Ele é o mais antigo líder do povo Kayapó, cujos população vivem em aldeias localizadas nos estados do Mato Grosso e do Pará. Em 2019, ele foi indicado prêmio Nobel da Paz.
:: “Outros governos respeitavam os povos da floresta; esse, não”, diz cacique Raoni ::
Raoni X Bolsonaro
Em outubro de 2019, durante o Ato Nacional em Defesa do Meio Ambiente e dos Povos da Amazônia, realizado em Marabá (PA), o cacique Raoni voltou a criticar os ataques do governo Jair Bolsonaro (sem partido) aos direitos das populações tradicionais brasileiras.
“Todos os governos anteriores respeitaram os povos da Amazônia. Esse governo não respeita o povo da floresta e os povos indígenas”, disse ele.
Atualmente, o Instituto Raoni criado em 2001 protege as comunidades Kayapó, Tapayuna, Trumaí, Juruna e Panará, que vivem em 25 aldeias espalhadas numa área de 2.5 milhões de hectares na bacia do Xingu, no Pará.
Covid entre indígenas
Segundo dados contabilizados pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) divulgados até esta segunda-feira (20) foram confirmados 230 óbitos entre indígenas e 11.885. Já o Comitê Nacional de Vida e memória indígenas , por sua vez, contabiliza 313 óbitos e 16.638 até a última sexta-feira (17). A plataforma da Associação dos Povos Indígenas (APIB) aponta o mesmo dado de infectados que o Comitê, 16.638, mas registra 543 óbitos até esta segunda-feira (20).
Vale ressaltar que indígenas citadinos (que vivem na cidade) e morrem com sintomas da covid-19 não são contabilizados pela SESAI, apenas os que vivem em aldeias.
Edição: Rodrigo Durão Coelho