Manifestações

Agravamento da crise durante a pandemia motiva greve geral de trabalhadores no Haiti

Protestos ocorreram na segunda (24); organizações sociais também pediam a renúncia do presidente Jovenel Moïse

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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No fim do ano passado, também foi registrada greve geral nas principais cidades do país, provocada pela escassez de combustíveis - Hector Retamal/AFP

Sindicatos e organizações sociais do Haiti, como a Central Nacional de Trabalhadores e o Movimento de Liberdade e Igualdade de Haitianos da Fraternidade, realizaram uma greve geral, na segunda-feira (22), em decorrência da situação socioeconômica que vive o país caribenho, agravada pela pela pandemia de covid-19.

A greve não teve continuidade na terça-feira (23), segundo os organizadores a justificativa é que o protesto foi um fracasso. Jornais locais atribuíram a não adesão ao movimento devido ao clima de inseguridade gerado pelo governo. Segundo relatos, o ministro da Justiça, Lucmane Délille, acompanhando de jornalistas e policiais saíram às ruas às 3h da madrugada de segunda-feira para intimidar os manifestantes. Jornais também afirmam que o governo resolveu o problema de abastecimento de combustíveis, que era uma das motivações da greve. 

Entre as queixas, as entidades destacam a diminuição do poder de compra e o aumento de desemprego e casos de corrupção, em meio ao crescimento de casos confirmados e óbitos pelo novo coronavírus, 5211 e 88, respectivamente, até o momento. Também pedem a saída do presidente Jovenel Moïse.

Nos últimos dias, também foram registradas manifestações de trabalhadores, entre eles policiais, que desembocaram em ataques a prédios e carros oficiais do governo, classificados pelo presidente Moïse como “terroristas”. Os agentes de segurança pedem por melhorias salariais, bônus econômicos e equipamentos de proteção de individual para trabalhar em meio a pandemia.

::Em 2017, terminava a missão do Exército Brasileiro no Haiti: "Sucesso para quem?"::

No fim do ano passado, também foi registrada greve geral nas principais cidades do país provocada pela escassez de combustíveis que perdurou aproximadamente um mês. Na ocasião, haitianos já haviam exigido a renúncia do presidente.

No país caribenho, segundo dados do Banco Mundial, cerca de 6 milhões de 10,4 milhões habitantes vivem abaixo da linha de pobreza, com US$ 2,41 por dia, enquanto 2,5 milhões estão abaixo da linha de pobreza extrema, com US$ 1,23 por dia. 

Também nesse aspecto, 74% da população urbana vive em favelas e 75% da população rural é pobre. Ainda, aproximadamente 50% das crianças não frequentam a escola, o que reflete em uma taxa de alfabetização precária.

Edição: Rodrigo Chagas