“Qual é a verdadeira alegria?”, a histórica pergunta feita a São Francisco de Assis por Frei Leão há oito séculos abriu o encontro virtual Terra, Teto e Trabalho, que teve participação do teólogo Leonardo Boff. Assista ao evento aqui.
Com foco em uma mudança global, o evento reforça o chamado do Papa Francisco pela busca de novas estruturas para a existência da humanidade, permeadas por solidariedade e cuidado com o planeta.
Na resposta de São Francisco, Boff encontra a força motora para essa mudança: “Se eu tiver paciência e não ficar perturbado, nisso está a verdadeira alegria”. Longe de ser uma afirmação passiva, a fala do santo católico aponta para uma mudança interna e individual, que busca a evolução coletiva. A reação não pode repetir as características e ter o mesmo caráter da opressão.
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Segundo Leonardo Boff, a mudança precisa estar focada nas populações mais vulneráveis, nas garantias de terra, moradia, trabalho e – acima de tudo – solidariedade. Ele ressaltou as tarefas que o Papa Francisco coloca para a juventude: primeiro a vida e não o mercado, foco na justiça social pela paz no mundo e cuidados com o meio ambiente. Ao citar a fala do próprio papa, o teólogo lembrou:
“Não esperem nada de cima, porque vem sempre mais do mesmo ou mais do pior. Sejam vocês os poetas, criadores do novo. Uma nova democracia participativa que venha de baixo e que inclua. Uma nova agroecologia, familiar, com participação de todos.”
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O teólogo fez uma defesa aprofundada da chamada Economia de Francisco e Clara. O movimento atende ao chamado do Papa Francisco na encíclica Laudato si, que pede união global pelo cuidado com a terra e combate ao capitalismo, ao consumismo, à desigualdade e à destruição ambiental.
“Nunca ofendemos e agredimos tanto a mãe terra como nos últimos séculos. Agora chegou um ponto em que ela diz ‘Basta! Não aguento mais!’. E ela mandou os petardos dela. Contra atacou. O coronavírus é uma resposta à nossa agressão. O vírus é uma reação da natureza. Porque nós movemos durante séculos uma guerra contra ela. Nós não temos nenhuma chance de ganhar essa guerra. Nós podemos desaparecer, a terra vai continuar girando em volta do sol por milênios.”
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Leonardo Boff relembra que o exemplo de São Francisco de Assis foi uma primeira resposta ao capitalismo na sua origem. Nas palavras do teólogo, o desafio não é pequeno, frente às necessidades de sobrevivência e de ganho do pão de cada dia. Ainda assim, ele afirma que o caminho precisa ser trilhado com uma mentalidade diferente. É preciso ser antissistema e anticapitalista nas ações individuais, com troca, diálogo, apoio aos movimentos sociais e ao desenvolvimento sustentável.
Edição: Douglas Matos