O deputado Daniel Silveira (PSL-SP) protocolou, na tarde desta segunda-feira (1º), um Projeto de Lei (PL) pedindo que grupos antifascistas, a exemplo dos que organizaram manifestações pelo país no último domingo (31) contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), sejam classificados como terroristas e enquadrados na Lei Antiterrorismo.
Ainda nesta segunda-feira, o parlamentar foi até as redes sociais comentar os atos organizados pelos antifascistas e ameaçou matá-los. “Até que vocês vão pegar um polícia zangado no meio da multidão, vão tomar um no meio da caixa do peito, e vão chamar a gente de truculento. Eu tô torcendo para isso. Quem sabe não seja eu o sortudo. Vocês me peguem na rua em um dia muito ruim e eu descarregue minha arma em cima de um filho da puta comunista que tentar me agredir. Vou ter que me defender, não vai ter jeito. E não adianta falar que foi homicídio, foi legítima defesa. Tenham certeza: eu vou me defender."
Em entrevista ao Brasil de Fato, Silveira afirmou que os grupos representam uma ameaça à segurança nacional e manteve o tom bélico.“Se eu for uma das vítimas desse grupo, eu vou me defender. Eu ando armado, sou policial da reserva. Não vou pensar duas vezes em manter a minha integridade física e da minha família. Esses grupos estão sendo alimentados para colocar o Brasil em cheque, a soberania em cheque, eles querem um enfrentamento físico. Tem que ser tratado como terroristas, são terroristas.”
A Lei 13.260, conhecida como Lei Antiterrorismo, aprovada em março de 2016, afirma que “o terrorismo consiste na prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos neste artigo, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública.”
A iniciativa foi criticada pelo deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ). “Se tem alguém que é terrorista, é a turma bolsonarista, que com seus projetos quer acabar com vidas nesse país. Nós vamos continuar nas ruas com nossas bandeiras, contra o fascismo e os fascistas. Esse tipo de ação não vai nos intimidar, não vamos recuar.”
“Queimar a bandeira” e Marielle Franco
No Rio de Janeiro, no último domingo, Silveira acompanhou o ato dos grupos antifascistas, que aconteceu na avenida Atlântica. Lá, o deputado foi flagrado provocando os manifestantes. “Vem um só aqui, seus filhos da puta. Eu quero um de vocês.”
Mais tarde, enquanto transmitia a manifestação em suas redes sociais, vazou o áudio da conversa de Silveira com um policial militar responsável pelo cordão de isolamento que separava os manifestantes que defendiam a democracia e o ato pró-Bolsonaro. “Meus amigos tá ali [sic]. Já mandei eles queimar aquela bandeira”, afirmou o oficial para o deputado.
Em outubro de 2018, quando ainda era candidato a deputado federal, Silveira quebrou uma placa com o nome da vereadora Marielle Franco, brutalmente assassinada em março daquele ano. Ao seu lado, estava o deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL-RJ), que foi candidato a prefeito do Rio de Janeiro na chapa com o senador Flávio Bolsonaro (sem partido), filho do presidente Jair Bolsonaro.
Lá como cá
À medida de Silveira segue, como prega a cartilha bolsonarista, a agenda de Donald Trump, presidente dos EUA, que no domingo anunciou medida similar à adotada pelo deputado brasileiro.
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“Os Estados Unidos da América designarão o ANTIFA como organização terrorista”, afirmou o presidente americano pelo Twitter. Trump afirmou que os grupos antifascistas estão por trás dos atos contra a morte de George Floyd.
Edição: Rodrigo Chagas