O presidente argentino Alberto Fernández, da Frente de Todos, chega ao sexto mês de seu mandato com a aprovação de quase 80% dos argentinos. Segundo a pesquisa de opinião realizada pela CELAG, se o país passasse por mais uma eleição nos próximos dias, 65% votariam no atual mandatário novamente. 24,6% dos entrevistados não votariam e 10,5% não responderam.
A pesquisa realizada entre meados de abril e começo de maio, revela que, apesar do clima de incerteza gerado pela pandemia do novo coronavírus, a gestão do presidente progressista é considerada muito boa por 40% dos cidadãos argentinos. 39% classificam a administração de Fernández como boa, 18,1% como regular e apenas 1,4% como ruim.
A seriedade do governo argentino frente à crise sanitária gerada pela chegada do vírus ao país pode ser um dos fatores que contribuíram para o resultado evidenciado pela pesquisa.
Com a declaração de uma quarentena considerada “prematura” – por ter sido decretada com um número pequeno de casos – e um pacote de medidas para combater os efeitos da crise, o país conseguiu achatar a curva de contágio do coronavírus e adiar o pico da covid-19.
Neste contexto, mais de 42% dos entrevistados consideram que a atual situação do país é incerta, 28,5% a consideram positiva, 10% afirmaram considerá-la “tranquila” e 18,5% afirmaram estar confiantes no atual cenário.
Transformação
Os resultados da sondagem também indicam uma mudança na percepção política dos argentinos. Na pesquisa anterior, realizada em outubro do ano passado em meio à eleição presidencial, mais de 56% da população estava insatisfeita com com a situação do país.
Dois meses antes do fim da gestão de Maurício Macri, que entregou o país ao seu sucessor em uma alarmante recessão econômica e crescimento da desigualdade social, 29,1% dos argentinos se consideravam angustiados, 20% irritados e 7,3% saturados diante do cenário argentino.
As políticas neoliberais implementadas pelo ex-presidente durante seus quatro anos de mandato também impactaram em sua imagem. A enquete aponta que 74,1% dos argentinos consideram a imagem de Macri negativa e apenas 25,5% como positiva.
Neste tema, Fernández conta com uma imensa vantagem em relação ao seu antecessor: sua imagem é considerada positiva por 83,8% dos entrevistados e negativa por apenas 14,3%.
Entre o passado e o presente da Argentina, a pesquisa ainda revela que, atualmente, mais da metade da população (55,8%) acredita que o governo argentino deve negociar a dívida externa adquirida durante a gestão macrista, 22,6% que deveria exigir o perdão da dívida e 17,6% que Fernández deveria continuar pagando seus credores.
Nos quatro anos da gestão macrista, a dívida externa do país aumentou 62% em relação ao período anterior. Em 2018, o presidente argentino anunciou dois empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) que, juntos, somam o valor de 107 bilhões de dólares.
Ao começo de abril deste ano, Fernández declarou que seu governo suspenderia temporariamente o pagamento da dívida externa. Durante as renegociaçõeS, que continuam ocorrendo, o presidente reiterou que a dívida assumida por Maurício Macri, herdada na transição, é “impagável” no contexto atual, piorado pela pandemia. A oferta do governo consiste no adiamento da dívida externa por 3 anos, 2020, 2021 e 2022.
A pesquisa do Centro Estratégico Latino-americano de Geopolítica (CELAG) foi realizada por telefone e ouviu 2 mil argentinos em 18 cidades das 14 províncias argentinas entre 17 de abril e 4 de maio. A margem de erro é 0,9 a 2,2%.
O estudo completo está disponível no site da organização.
Edição: Luiza Mançano