Pela primeira vez em mais de um século de história, o Dia Internacional do Trabalhador será comemorado sem atos públicos na maior parte do mundo por conta da pandemia da covid-19. Respeitando as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), centrais sindicais e movimentos populares encontraram alternativas para celebrar a data sem aglomerações.
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A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que 305 milhões de pessoas perderam seus empregos no último período. Somente na África e na América Latina, o organismo aponta que trabalhadores informais perderam 81% da renda. Por isso, o desemprego provocado pela crise econômica desatada após o início da pandemia é uma das maiores razões das organizações sindicais em todo o mundo para protestar.
Assim como no Brasil, onde ocorre uma manifestação virtual com a presença de diversos políticos e artistas em defesa da saúde e emprego, em outros países da região, o povo latino-americano também não deixará de defender seus direitos.
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América Latina
Em Cuba, por exemplo, desde 1959, com o início da revolução socialista, o 1º de Maio é comemorado com um desfile multitudinário, que inicia às 6h nas principais praças das capitais do país. Em Havana, capital da ilha caribenha, o ato é dividido em alas de acordo com a categoria profissional, culmina na praça da Revolução, em frente ao monumento do líder independentista José Martí e conta com a presença do presidente, do gabinete ministerial e dos dirigentes do Partido Comunista.
Neste ano, a Central de Trabalhadores Cubanos convocou os cubanos a cantar o hino nacional nas suas casas às 8h, logo depois de escutar, em uma transmissão televisiva nacional, o discurso de Fidel Castro sobre o significado da revolução cubana, proferido há 20 anos.
Também convocaram todos os cubanos a realizar um tuitaço durante toda a manhã desta sexta-feira (1º), com as hashtags #1deMayo #UnidosVenceremos #MiCasaEsMiPlaza. Durante a semana, a CTC realizou fóruns internacionais on-line com debates sobre os desafios da classe trabalhadora em meio à pandemia.
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Os venezuelanos costumam ocupar as ruas das principais cidades do país para marcar o Dia do Trabalhador. Desta vez, a Central Bolivariana Socialista de Trabalhadores (CBST) anunciou uma videoconferência com o presidente Nicolás Maduro, que irá ler uma carta enviada pela central.
Já os trabalhadores representados pela Central Unitária de Trabalhadores da Venezuela (CUTV) divulgaram um documento que reúne as principais reivindicações e produziram um vídeo exibindo suas bandeiras. Também convocaram um tuitaço com as palavras de ordem “salário suficiente para viver dignamente”.
A frase remete ao aumento do salário-mínimo, outra medida que ocorre todos os anos no 1º de maio, desde a ascensão de governos chavistas. Neste ano, o valor nominal do salário mínimo aumentou 106%, no entanto, a inflação acumulada de 2019 a 2020 chegou a 3.276%, segundo cálculos da Assembleia Nacional.
Por isso, uma das propostas da CUTV é fixar o salário-mínimo em cinco petros, a criptomoeda venezuelana, o que atualmente equivale a aproximadamente R$ 1.650.
O governo também anunciou uma lista de 27 produtos com preços fixos acordados com empresários para combater a especulação durante a pandemia. Para Pedro Eusse, secretário geral da Central Unitária de Trabalhadores da Venezuela e da Frente de Luta da Classe Trabalhadora, faltou ouvir os trabalhadores na hora de definir os custos de produção e o valor final do produto.
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“Nós apoiamos essa atitude de resistência, mas acreditamos que o governo comete um erro quando não define uma política que permita que a classe operária e os camponeses tomem o controle do processo produtivo e avancem na resolução dos problemas de distribuição, da posse da terra e dos processos de industrialização, porque do contrário terminamos fortalecendo o papel do capital e da burguesia”, afirma.
Outra reivindicação da CUTV para esse 1º de Maio é que o governo estabeleça controle operário com a fiscalização do processo produtivo do início ao fim para determinar um preço justo da mercadoria. Também propõem a criação de conselhos produtivos nas empresas públicas com a participação do Estado, dos trabalhadores e da comunidade organizada.
A central reconhece a importância das medidas adotadas pelo Executivo venezuelano de isolamento social, paralisando as atividades e mantendo apenas os serviços essenciais. Mas reforçam a importância de que cada local de trabalho garanta transporte e equipamentos de proteção individual.
“É um momento de reflexão coletiva, de análise, para ver como o movimento operário sindical venezuelano se reunifica, rearticula e avança em uma aliança com as forças de base do movimento camponês e popular, porque quem vai garantir que esse processo bolivariano anti-imperialista não caia, mas se fortaleça somos nós trabalhadores, trabalhadoras, camponeses e movimentos populares”, assegura Eusse.
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O Equador é o segundo país com maior número de casos no continente, ficando atrás somente do Brasil. A União Geral dos Trabalhadores e as Comissões Operárias faz nesta sexta-feira (1º) uma homenagem aos trabalhadores de serviços essenciais que se mantêm ativos durante o estado de Alarme Nacional, decretado até o dia 4 de Maio.
"Trabalho e Serviços Públicos: outro modelo econômico e social é necessário" é o lema do ato online, que ocorre das 12h às 20h, com uma rodada de aplausos e show de artistas nacionais.
Entre os vizinhos do sul, os uruguaios, organizados no Plenário Internacional de Trabalhadores - Convenção Nacional de Trabalhadores (PIT-CNT), realizam uma caravana pelas principais avenidas da capital, Montevidéu. A central reforçou o pedido para que ninguém saia dos veículos, evitando contato pessoal.
Com a consigna “O urgente é a solidariedade”, a principal reivindicação desse dia do trabalhador é a criação de uma renda mínima transitória para atender a 320 mil famílias em situação de vulnerabilidade social, agravada pela pandemia. A sede da PIT-CNT também recolhe doações de alimentos e produtos de higiene pessoal para distribuir nas zonas mais pobres do país.
O Uruguai é um dos países com menores índices de contagiados na região, com 625 casos positivos e 15 mortes. O presidente Luis Lacalle Pou não decretou quarentena a nível nacional, mas restringiu as atividades públicas e suspendeu as aulas até setembro.
Na Argentina, a quarentena obrigatória se mantém até o dia 10 de maio. Por isso, a Central de Trabalhadores Argentinos (CTA) também realiza um ato virtual, a partir das 17h, hora local. Durante o período da manhã, a seção de jovens trabalhadores da CTA e da Central Geral de Trabalhadores (CGT) fez um programa de rádio com debate sobre os direitos da juventude trabalhadora argentina.
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No Chile, a Central Unitária de Trabalhadores (CUT) convocou um bandeiraço de luto, sugerindo que todos exponham panos pretos nas janelas das suas casas para protestar contra o desemprego e a falta de proteção social do governo de Sebastián Piñera. O novo coronavírus já atingiu mais de 14 mil chilenos.
Nos dias 27 e 28 de abril, movimentos sociais realizaram um ato nacional, na praça Baquedano, centro de Santiago de Chile, exigindo mais atenção aos casos de coronavírus e a manutenção do plebiscito por uma nova Constituição. A atividade foi reprimida pelos carabineros, a polícia militar chilena, que deteve cerca de 20 pessoas.
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Por isso, com a palavra de ordem "As pessoas primeiro: defendamos a vida com salário e trabalho decente", a presidenta da central, Bárbara Figueroa, fez um discurso às 10h30, no qual convidou os chilenos para um panelaço pela dignidade, às 21h.
Bater panelas também foi a alternativa encontrada pela Confederação Geral de Trabalhadores do Peru para protestar contra as medidas adotadas pelo governo durante a pandemia.
Assim como Bolsonaro, o presidente Martin Vizcarra assinou um decreto que permite a suspensão de contratos de trabalho e dos salários por três meses.
África
A África do Sul é o país mais atingido pelo coronavírus no continente africano. São mais de 5 mil casos confirmados e 103 óbitos registrados até o momento. Phakamile Hlubi-Majola, porta-voz do Sindicato Nacional dos Metalúrgicos da África do Sul (Numsa, na sigla em inglês), lamenta que as comemorações do 1º de maio não possam ocorrer como esperado neste ano.
Segundo ela, trabalhadores de outros países do continente também estão sofrendo com as políticas adotadas pelas grandes empresas durante a crise global. A cada dia, cresce o número de demissões e cortes de salários.
Apesar dos desafios para este Dia do Trabalhador, Hlubi-Majola reforça a importância da organização contínua da classe trabalhadora em defesa de seus direitos. Conforme a sindicalista denuncia, a situação é ainda mais delicada na África do Sul, pois o governo do presidente Cyril Ramaphosa não tem proposto ações suficientes para proteger a classe trabalhadora e os mais pobres durante a pandemia.
“Mais do que nunca, há a necessidade de sindicatos na África do Sul. Os trabalhadores estão sozinhos, sob ataque de um governo que não se importa com a causa da classe trabalhadora. É de nossa responsabilidade, enquanto sindicatos e organizações progressistas de esquerda, fazer ainda mais e defender os trabalhadores”, afirma.
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Estados Unidos
Com mais de 1 milhão de pessoas infectadas no país governado por Donald Trump, os Estados Unidos se consolida como epicentro global da pandemia. Neste contexto, e em meio ao descaso do governo Trump e das perversidades do sistema privado de saúde, trabalhadores de grandes empresas que prestam serviços considerados essenciais organizam uma mega-paralisação contra as condições precárias de trabalho em meio à proliferação da covid-19.
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Os funcionários da Amazon, por exemplo, denunciam há mais de um mês a ausência de equipamentos de proteção adequados, o que os deixa ainda mais expostos ao vírus. Neste 1º de maio, trabalhadores da Instacart, Whole Foods e Target se somam à paralisação, expondo que, enquanto as multinacionais obtêm lucros recorde, falham em medidas básicas de proteção. Além disso, eles reivindicam apoio da população com o boicote das marcas.
Uma coalizão formada pelos grupos CoronaStrike e People's Strike: Fighting for Our Lives, Forging Our Future (Greve do Povo: lutando por nossas vidas, forjando nosso futuro), que inclui trabalhadores e organizações políticas, também coordena uma série de ações on-line e paralisações nos estados norte-americanos.
Uma grande “greve de aluguel” em protesto às cobranças dos proprietários em meio à pandemia também está prevista, assim como um Webinar massivo – uma conferência on-line com centenas de pessoas para discutir como atuar durante a quarentena e pensar políticas que de fato deem suporte às populações mais vulneráveis.
Ásia
As dez maiores centrais sindicais da Índia convocaram os cidadãos a exibirem as bandeiras de suas organizações e partidos nas janelas, sacadas e quintais de casa nesta sexta-feira (1º). A ideia é mostrar que, mesmo em quarentena, os trabalhadores continuam organizados e solidários uns com os outros. A principal demanda é a taxação das grandes fortunas.
“Em vez de mobilizar recursos financeiros dos super-ricos, o governo está colocando todo o ônus sobre os trabalhadores e as pessoas comuns”, diz a convocatória. “A riqueza total combinada de 63 bilionários indianos é superior ao orçamento total da União da Índia para o ano fiscal de 2018-19. Um pequeno imposto sobre a riqueza desses super-ricos facilmente permitirá que o governo pague as despesas necessárias para fornecer alívio aos trabalhadores”.
Das 13h30 às 23h30 (5h às 15h, no horário de Brasília), a editora Leftword e a livraria May Day Book, com sede na capital Nova Delhi, fazem uma transmissão ao vivo ininterrupta com mensagens e canções de resistência de várias partes do mundo. Além de poetas e sindicalistas indianos, estão previstas apresentações da cantora libanesa Tania Saleh (16h30), do músico venezuelano José Delgado (19h30), do grupo brasileiro As Cantadeiras (20h30) e do britânico Roger Waters (23h30), ex-integrante do Pink Floyd.
No estado de Maharashtra, ativistas e líderes sindicais propuseram, do nascer ao pôr do sol, um “jejum de gratidão, empatia e responsabilidade constitucional” em homenagem aos trabalhadores que padecem durante a pandemia. A campanha pretende estimular doações e sensibilizar o governo para ampliar a oferta de alimentos fornecidos gratuitamente aos mais pobres e as compensações aos produtores rurais.
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Na China, o feriado do Dia Internacional do Trabalho terá cinco dias, a partir de sexta-feira (1º). O país mais populoso do mundo começa a retomar a rotina após os bloqueios ocorridos por conta da pandemia.
Grandes manifestações de rua, como costuma ocorrer desde 1920, estão suspensas, e a maioria dos chineses pretende aproveitar a semana para viajar – o que não foi possível no outro grande feriado do país, o Ano Novo Chinês, em 25 de janeiro. A procura por hotéis e passagens internas triplicou nos últimos dois dias.
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A principal demanda dos trabalhadores no país é o estímulo à geração de empregos. Segundo dados do Escritório Nacional de Estatística, o número de desempregados passou de 5,2% para 6,2% durante a pandemia. O desafio é conciliar o investimento público com a desaceleração da economia. No primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu pela primeira vez em 18 anos, chegando a -6,8%.
Em Singapura, as celebrações do 1º de Maio costumam ser encerradas com um discurso do primeiro-ministro. Por conta do surto de coronavírus, as aglomerações foram suspensas e, pela primeira vez na história, o pronunciamento será feito em gabinete, com transmissão pela televisão e pela internet.
Antes da fala do primeiro-ministro Lee Hsien Loong, às 19h30, cerca de 500 líderes sindicais, empregadores e governantes locais participam de uma sessão de diálogo virtual dirigida pela Confederação Nacional de Sindicatos (NTUC), pelo Ministério do Trabalho e pela Federação Nacional dos Empregadores.
O principal tema em pauta é a situação dos trabalhadores migrantes, que saem do sul para o sudeste da Ásia em busca de oportunidades. Eles concentram quase 80% dos casos de coronavírus no país e costumam viver aglomerados em moradias precárias nas periferias das grandes cidades.
A Confederação Sindical do Japão (Rengo) também suspendeu pela primeira vez em 100 anos os eventos físicos do 1º de Maio, por conta da pandemia, e divulga no Youtube um vídeo gravado na quarta-feira (29) com o pronunciamento oficial da entidade.
As celebrações do Dia do Trabalhadores, que geralmente reúnem mais de 30 mil pessoas no parque Yoyogi, na capital Tóquio, também foram canceladas. O governo japonês liberou um auxílio de até 300 mil ienes (cerca de R$ 15 mil) para famílias cuja renda foi afetada pela pandemia. Muitos imigrantes, porém, vêm enfrentando dificuldades para acessar o benefício por conta do idioma e da burocracia.
A maior preocupação expressada pela Rengo é que os trabalhadores japoneses paguem a conta da crise gerada pelo coronavírus, por meio da flexibilização de salários e jornadas e das demissões de terceirizados e informais sem contrapartidas suficientes.
No Líbano, o 1º de Maio promete ser um dos mais violentos. Durante toda a semana, trabalhadores ocupam as ruas da capital Beirute, e há novos atos de rua marcados para esta sexta-feira.
O país, que já enfrentava uma das maiores crises econômicas da sua história, viu a situação se agravar após o governo decretar bloqueios para contenção do coronavírus. O Banco Mundial projeta que 45% da população libanesa estará abaixo da linha da pobreza ao final do ano, e 75% necessitam de benefícios do Estado para sobreviver.
Na última terça-feira (28), manifestantes atacaram empresas e bancos nas maiores cidades do país para protestar contra a má gestão pública e a demissão do presidente do Banco Central, Riad Salameh – um dos poucos que ainda mantinha certo prestígio no governo.
Um homem de 26 anos, Fawaz Fouad al-Samman, morreu baleado após a repressão das forças de segurança nacionais. Ele passou a ser chamado de “mártir da fome”, em referência às privações enfrentadas pelas famílias pobres durante a quarentena.
As ruas das maiores cidades do país, Beirute e Tripoli, seguem com policiamento reforçado. Os eventos oficiais de celebração do Dia do Trabalhador foram cancelados para evitar aglomerações.
No Camboja, sindicatos de trabalhadores e grupos de direitos humanos decidiram cancelar todos os eventos planejados para o feriado. Em substituição, está prevista uma conferência on-line sobre direitos trabalhistas. A Confederação Trabalhista do Camboja elaborou uma petição com 18 pontos para garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores durante a pandemia.
Europa
A Confédération Générale du Travail (Confederação Geral do Trabalho, em português), da França, também convocou os trabalhadores para manifestarem-se no 1º de Maio virtualmente. Defendendo a união internacional e que a classe trabalhadora do país não seja penalizada pelos custos da crise, a CGT divulga fotos enviadas pela população segurando cartazes e placas com as demandas deste momento, articulando uma grande ação nas redes sociais.
Já na Itália, país que contabiliza mais de 200 mil pessoas infectadas pelo coronavírus, a Unione Italiana del Lavoro (União Italiana do Trabalho), sindicato com mais de 2,19 milhões de trabalhadores associados e outras entidades de classe, organizam comícios e shows que serão transmitidos pela televisão.
A programação conta com quatro horas de depoimentos, histórias e músicas que prestarão homenagens a todos os trabalhadores italianos, que enfrentam o distanciamento social há semanas e só poderão retomar as atividades gradualmente a partir de 16 de maio.
Na Espanha, a Comissões Operárias (CCOO) e Unión General de Trabajadores (UGT) organizam uma programação virtual que teve início na sexta-feira (30) e continua ao longo do 1º de maio.
Além dos discursos dos dirigentes das organizações, que também participam de coletiva de imprensa on-line, os sindicatos prestam homenagens em vídeo aos trabalhadores essenciais que atuam na linha de frente no combate ao coronavírus. Apresentações culturais e shows solidários também estão previstos.
Contra o imperialismo
Para o Dia Internacional do Trabalhador em uma conjuntura tão complexa, a Jornada Internacional de Luta Anti-Imperialista, articulação composta por movimentos populares, partidos políticos e sindicatos de diferentes países, faz um chamado internacional em defesa de uma vida digna.
No documento publicado em razão da data, a frente afirma que não ficará inerte “enquanto a classe dominante tenta fazer da pandemia uma cortina de fumaça para concretizar atrocidades e ataques aos nossos direitos.”
Reforçando a compreensão de que é preciso respeitar as indicações da OMS, o manifesto reitera a denúncia de que países com governos de direita transferem os impactos mais graves da crise para a classe trabalhadora por meio de despejos, demissões e cortes salariais de trabalhadores informais.
“Exigimos que os governos ponham todos os recursos públicos e privados à serviço do controle e alívio dos efeitos desta pandemia, fortalecendo os instrumentos de proteção social que as políticas neoliberais estão destruindo há décadas, principalmente os direitos trabalhistas e sindicais, as políticas sociais de distribuição de renda, os sistemas públicos e gratuitos de saúde e de educação, com produção pública de ciência e tecnologia, e as políticas de distribuição de terras e de moradias”, registra o documento.
Enquanto isso, a Federação Sindical Mundial (FSM), que agrega organizações sindicais dos cinco continentes, centrou sua bandeira do 1º de Maio no combate à pandemia. Considerando que, de acordo com a OMS, existem ao menos 20 vacinas sendo desenvolvidas contra a Sars-Cov-2, a palavra de ordem do ano é “vacina gratuita e segura para todos”.
A Organização das Nações Unidas também aprovou uma resolução que determina a o acesso igualitário a testes, suprimentos, medicamentos e futuras vacinas entre os 193 países membro do organismo.
Phakamile Hlubi-Majola, porta-voz do Numsa, critica a estrutura socieconômica que tem agravado ainda mais os efeitos do coronavírus para a população vulnerável em nível global.
“O que o coronavírus está mostrando é que o sistema capitalista não é preparado para uma crise desse tipo. Ele só quer lucro. Para derrotar o coronavírus, é preciso um bom acesso à saúde, condições sanitárias, acesso à água. Sem isso, não podemos derrotá-lo. É tempo da classe trabalhadora estar unida. Só por meio da união, vamos poder ter o poder para mudar nossas vidas para melhor”, acrescenta Hlubi-Majola.
O secretário geral da CUTV compartilha da análise. Para Pedro Eusse, a pandemia da covid-19 não iniciou uma nova crise econômica, apenas acelerou um processo que é inerente ao sistema político vigente no mundo.
“A crise do capitalismo deve ser paga pelos capitalistas e não pela classe trabalhadora. A situação de pandemia potencializou a crise capitalista e quem está pagando somos nós trabalhadores, camponeses e setores populares.”
Edição: Camila Maciel