O Brasil bateu novo recorde no número de mortes causadas por coronavírus, com 58 casos nas últimas 24 horas, segundo boletim do Ministério da Saúde divulgado nesta quinta-feira (2) em entrevista coletiva, em Brasília. Com isso, o índice de letalidade da doença subiu de 3,5% para 3,8% no país. O recorde anterior havia sido registrado em 31 de março, com 42 mortes no período de um dia. Nas últimas 24 horas, também foram notificados 1.076 novos casos da doença, o que fez o total de registros de covid-19 chegar a 7.910.
São Paulo (188), Rio de Janeiro (41) e Ceará (20) são os estados com maior número de mortes. Na sequência, vêm Pernambuco (9), Rio Grande do Sul (5), Piauí (4), Paraná (4), Minas Gerais (4), Distrito Federal (4), Bahia (3), Amazonas (3), Rio Grande do Norte (2), Santa Catarina (2), Sergipe (2), Alagoas (1), Espírito Santo (1), Goiás (1), Maranhão (1), Mato Grosso do Sul (1), Pará (1), Paraíba (1) e Rondônia (1).
Durante a entrevista coletiva, o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, defendeu a continuidade do isolamento social para continuar evitando uma aceleração mais acentuada da doença no país.
“O boletim está basicamente mantendo os números. Ela [a doença] vem tendo a sua evolução, a gente está segurando. Isso pode mudar, está oscilando, mas indica que a gente está conseguindo ficar com a curva menos íngreme, o que mostra que está valendo a pena a nossa diminuição da dinâmica social, com a qual a deve gente continuar, deve manter, até que tenha condições de falar ‘estamos com um setor mais organizado, mais pronto, mais responsivo'”, disse.
O governo também anunciou, durante a entrevista, novas ações relacionadas ao alastramento da pandemia no país. O Ministério da Saúde informou, por exemplo, que firmou um contrato de R$ 1,2 bilhão para a compra de 8 mil respiradores, que devem ser entregues dentro de 30 dias.
A pasta também disse que o governo vem monitorando a situação do mercado global de equipamentos de proteção individual (EPIs) para o tratamento de covid-19, que sofreu uma baixa de produção logo no início da epidemia na China porque o país oriental havia reduzido as exportações dos produtos. Segundo Mandetta, o país seria o responsável por 90% dos itens comercializados no mundo.
Foi firmado ainda um acordo de cooperação entre o Ministério da Saúde, o Ministério Público Federal (MPF), os MPs estaduais e os diferentes conselhos de secretários estaduais e municipais de saúde para promover uma integração entre o trabalho dos diferentes órgãos no combate ao coronavírus.
Henrique Mandetta também anunciou uma novidade relacionada à promoção de informações sobre a pandemia: o governo incluiu, no site do Ministério da Saúde, um ícone visual que permite o acompanhamento dos fluxos de materiais encaminhados pela União aos estados.
“Porque tem muito governador, tem muito estado que fala ‘não recebi’ ou ‘recebi isso ou aquilo’. Então, nós vamos abrir tudo, vamos abrir 100% das informações pra que vocês possam checar e ajudar a checar lá na ponta”, disse o ministro a jornalistas.
Conselho de Medicina
Mandetta também comentou uma ação judicial movida pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro, que questionou a Portaria 639, do Ministério. O dispositivo trata da ação intitulada “O Brasil conta comigo – Profissionais de saúde”, cujo objetivo é cadastrar trabalhadores da área para o enfrentamento à pandemia.
A portaria cita, entre outras coisas, a necessidade de envio de dados dos médicos para que eles sejam cadastrados e tenham um formulário eletrônico junto à pasta da Saúde. Mandetta disse que teria havido um “ruído” na interpretação do documento, que seria voltado aos profissionais que desejam atuar no caso, não sendo de caráter obrigatório.
“Nós abrimos o cadastro pra, se necessário, se eles têm disponibilidade de falar ‘olha, eu sou aqui do Mato Grosso do Sul, sou médico, sou intensivista e tenho disponibilidade de sair daqui a qualquer hora pra atender em Santa Catarina, no Rio. Estamos começando a construir com aqueles que têm disponibilidade, que querem enfrentar de peito aberto, pra irem pros estados reforçar equipes médicas”, disse o mandatário.
Edição: Vivian Fernandes