“Temos mais de dois milhões de idosos no Rio Grande do Sul e é nosso dever protegê-los”, reagiu em nota, nesta quarta-feira (25), a Federação dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) diante das declarações de Jair Bolsonaro (sem partido) em favor do fim do isolamento e do afrouxamento das medidas para combater o coronavírus.
Representando os 497 prefeitos do estado, a Famurs classificou as propostas como “temerárias”. O texto ressalta que não se deve politizar o problema “como o faz o presidente da República”. Pondera que “a solução é científica e exige o isolamento social”, citando as orientações das autoridades médicas e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
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Na sua avaliação, afrouxar as regras agora “configura grande risco de termos que parar logo mais, com o sistema de Saúde em colapso e com a população em convulsão social”. Antes da fala de Bolsonaro, a federação considerou que o Palácio do Planalto e os governadores tardaram a perceber o tamanho do problema.
Falta de liderança nacional
Para a Famurs, as informações da China e da Europa foram subestimadas, “talvez pela falta de uma liderança nacional que dialogasse e buscasse subsídios no exterior”. No seu Facebook, o presidente da entidade, Eduardo Russomano Freire, foi ainda mais incisivo na defesa do isolamento e das providências tomadas em países que lidaram melhor com a ameaça.
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Lembrou que a Itália atrasou o isolamento social pensando na economia com base no turismo, orientando apenas os idosos a ficarem em casa e está “perdendo 700 vidas por dia”. E prosseguiu: “Agora morrem milhares, não conseguem achatar a curva (da pandemia) e ainda passará por uma crise econômica sem precedentes”.
“Quanto vale a vida de vocês?”
Prefeito de Palmeira das Missões, município de 35 mil habitantes do Norte gaúcho, Freire, que é do PDT, advertiu que “não iremos menosprezar os efeitos de uma pandemia que afeta o mundo todo. Temos respeito com todos aqueles que morreram e ainda irão morrer”.
Na sua cidade, diante da insistência de comerciantes que querem abrir as portas, afirmou que isso não será permitido. “Quanto vale a vida de vocês ou de seus familiares? Vocês conseguem me responder? Esses empresários se responsabilizarão por seus funcionários?”, indagou. “Estamos mantendo apenas os serviços essenciais como farmácias, mercados, indústria, transporte, pois são necessários e não temos poder para interferir”, postou.
Cuidado com “os falsos profetas”
“Continuaremos com a lógica de que o bem maior que temos é a vida”, argumentou Freire. E avisou: “Tomem cuidado com declaração de milionários, pois nunca tiveram preocupação com quem passa fome, tomem cuidado com falsos profetas que vivem da exploração da fé e muitas vezes da própria ignorância”.
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Marcelo Ferreira