Fechamento de fronteiras, cancelamento das aulas, suspensão da novela das oito da Rede Globo, shoppings e comércios fechados, distância de um metro e meio entre as pessoas, quando não for possível o isolamento social, conhecido também como quarentena.
A chegada do coronavírus no Brasil está mudando rapidamente a rotina da população, mesmo daqueles que não podem trabalhar de casa.
Diante das medidas anunciadas pelo poder público para frear a rapidez da contaminação pelo novo coronavírus, é natural que a população se sinta assustada e estressada. São 200 mil casos em todo o mundo e mais de 8 mil mortos, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), nesta quarta-feira (18). Como, então, manter a mente saudável frente a esse cenário?
1. O medo também é importante
Mariana Ferreira, psicóloga do Sistema Único de Saúde (SUS) e que atua no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, explica que o medo é uma emoção que serve para o ser humano se proteger dos perigos e, por isso, é necessário para se precaver. A questão é aprender a lidar com esse sentimento e “não achar que não é para ter medo. É para ter medo, mas não a ponto de virar um pânico”.
“Se é um medo saudável, é um medo bom, porque vai te levar a tomar medidas de precaução, pensar nas coisas que você precisa fazer na sua vida, se você vai fazer o isolamento, como é o recomendado”, afirma a psicóloga.
2. As redes sociais estão aí
A ideia de isolamento social é assustadora quando quem se isola é o ser humano, um ser social por natureza. Talvez olhar para esse momento de quarenta enquanto um “distanciamento social”, que tem data de validade, seja melhor para a saúde mental da população.
Para isso, tente não se isolar totalmente, as redes sociais estão aí para isso, assim como telefone e, se preferir, as cartas também. “Nós temos o telefone, a possibilidade da comunicação à distância, que está muito maior com a internet, redes sociais, WhatsApp. Então [a importância] das pessoas pensarem nisso: que elas estão conectadas e delas se comunicarem, falarem, intensificarem ainda mais com as pessoas queridas, manter o contato”.
3. Nem notícia de mais, nem notícia de menos
Notícias existirão sempre, a cada minuto, sobre os melhores, mas também piores acontecimentos. Você não precisa ler e escutar notícias a cada minuto. Tire um tempo para se atualizar dos acontecimentos. Pode ser durante um período da manhã ou da noite.
“A ideia não é que você não se informe. É você estipular quando ver notícias, de manhã e à noite e depois de fazer outras coisas. É importante nesse momento ter essa autodisciplina: cuidar de si mesmo”, afirma Mariana Ferreira, que lembra que esta também é uma recomendação da OMS.
Para ela, a notícia é como um alimento. Assim como é importante prestar atenção no que e na quantidade do que se come, a fim de fortalecer o organismo durante a pandemia, também é importante prestar atenção na quantidade e no tipo de informação que se consome. E encontrou uma notícia boa? De alguém que se recuperou, por exemplo? Compartilhe! “A gente não precisa ficar se intoxicando”, define.
4. Alimente-se bem e exercite-se
Como já falado ali em cima, é importante se alimentar bem para fortalecer o organismo, mas também para manter a mente saudável.
Alimentos gordurosos e industrializados em demasia podem trazer sensações de cansaço e desânimo, contribuindo para questões mais profundas de saúde mental.
Da mesma maneira, não deixe de se exercitar. Dê play em alguma lista de músicas, dance só ou com os companheiros de quarentena, brinque com as crianças e os animais.
Quando se está em quarentena, é fácil a rotina cair em um trabalhar, assistir TV e dormir. Estabeleça uma rotina e exercite a mente: ler um livro, assistir a um filme diferente, aprender a bordar, desenhar, pintar. Essas coisas ocuparão a sua mente e te farão relaxar.
5. Cuide do outro
Entre as suas recomendações, a OMS lembra: “Não seja preconceituoso”. Desde a descoberta e disseminação do coronavírus, diversos relatos se espalham pela internet sobre casos de preconceito com quem contraiu o vírus. Lembre-se que a contaminação pelo covid-19 pode atingir a qualquer um, não está relacionada a nenhuma nacionalidade.
A OMS também aconselha se referir aos pacientes como pessoas que temporariamente estão com o vírus e apenas como “caso de coronavírus”, a fim de humanizá-las. Lembre-se que cuidar da sua saúde mental também significa cuidar da saúde do outro.
6. Se a situação piorar…
Mariana Ferreira lembra que se “a pessoa precisar de ajuda, estiver numa crise brava e não estiver dando conta sozinha, pode procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ou Saúde da Família mais próxima”, ou ainda um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), que são lugares de acolhimento. Também existe o Centro de Valorização da Vida (CVV), cujo número de telefone é 188.
Edição: Leandro Melito